ATA DA NONAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 24-10-2001.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de outubro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Clênia Maranhão, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion e Sebastião Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Octogésima Oitava Sessão Ordinária e das Atas da Trigésima Oitava, Trigésima Nona e Quadragésima Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Almerindo Filho, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 264, 265 e 266/01 (Processos nºs 3978, 3979 e 3980/01, respectivamente) e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 024/01 (Processo nº 3977/01); pelo Vereador Cassiá Carpes, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, a Indicação nº 042/01 (Processo nº 4018/01) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 269/01 (Processo nº 4011/01); pelo Vereador João Carlos Nedel, 02 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 023/01 (Processo nº 3976/01). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofício nº 002/01, do Vereador Henrique Tavares, Presidente da Câmara Municipal de Guaíba – RS; Comunicado nº 49934/01, da Senhora Mônica Messenberg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. A seguir, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se sobre o quórum da presente Sessão. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Cesar Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA, que discursou a respeito de denúncias de irregularidades nas eleições para a Diretoria da Associação dos Funcionários Municipais de Porto Alegre – AFM, informando ter ingressado com ação judicial para a suspensão do referido processo eleitoral dessa entidade. Também, manifestou-se acerca da política salarial do Governo Municipal para o funcionalismo e questionou as taxas de juros sobre empréstimos feitos junto à Associação dos Agentes Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre – AIAMU. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Nereu D'Avila, Luiz Braz, Sebastião Melo, Clênia Maranhão, Cassiá Carpes, João Antonio Dib, Estilac Xavier e Raul Carrion manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e cinqüenta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e oito minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o Vereador Nereu D'Avila formulou Requerimento verbal, solicitando a realização de reunião da Mesa Diretora e o Colégio de Líderes, com a finalidade de avaliar a distribuição da programação da TV Câmara - Canal 16, tendo o Vereador João Antonio Dib manifestado-se sobre o assunto e o Senhor Presidente prestado esclarecimentos a respeito. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 259 e 261/01, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, 207/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Ervino Besson e Humberto Goulart, 257/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Maria Celeste, o Projeto de Resolução nº 097/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 126/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 010/93, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Sebastião Melo, o Projeto de Lei do Legislativo nº 243/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 099/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal teceu considerações a respeito das manifestações das galerias durante as Sessões realizadas neste Legislativo, afirmando ser inadmissível o desrespeito do público presente em relação às intervenções feitas pelos Senhores Vereadores. Nesse sentido, informou ter encaminhado ofício à Mesa Diretora, solicitando seja providenciado o isolamento físico entre as galerias e o Plenário. O Vereador Haroldo de Souza agradeceu o empenho do Vereador Fernando Záchia, Presidente deste Legislativo, em providenciar uma sala para a instalação do gabinete da Bancada do PHS. Também, propugnou por providências do Executivo Municipal, relativamente às crianças de rua e, relatando visita feita a restaurante popular implantado por iniciativa privada no Bairro Azenha, discorreu sobre a importância do engajamento do Poder Público nessa questão. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença dos Vereadores Gilmar Luz, do PDT, e Gil da Voglio, do PMDB, ambos do Município de Osório – RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo criticou a duração de contrato emergencial firmado entre o Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DMLU – e a empresa CORES – Coletora de Resíduos Industriais Limitada, solicitando esclarecimentos do Executivo Municipal quanto ao assunto. Ainda, pronunciou-se sobre a continuidade dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI – que investiga denúncias de irregularidades no Departamento Municipal de Habitação – DEMHAB. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Marcelo Danéris, aditado pelo Vereador Sebastião Melo, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 042/00, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib e Adeli Sell. Em continuidade, foram apregoadas as Emendas nºs 03 e 04, de autoria do Vereador Estilac Xavier, Líder da Bancada do PT, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00 (Processo nº 0543/00). Também, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Fernando Záchia, solicitando a retirada de tramitação das Emendas nºs 01 e 02, apostas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00 (Processo nº 0543/00). Ainda, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Estilac Xavier, solicitando fossem as Emendas nºs 03 e 04, apostas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00 (Processo nº 0543/00), dispensadas do envio à apreciação de Comissões Permanentes. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00, com ressalva das Emendas a ele apostas, por vinte e sete votos SIM, após ser discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Carlos Alberto Garcia, Sebastião Melo, Maristela Maffei, Nereu D’Avila, Beto Moesch, Raul Carrion, José Fortunati, Aldacir Oliboni e Estilac Xavier e encaminhado à votação pelos Vereadores Fernando Záchia, Luiz Braz, Ervino Besson e Estilac Xavier, em votação nominal solicitada pelo Vereador Valdir Caetano, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Na ocasião, o Senhor Presidente afastou-se da presidência dos trabalhos da presente Sessão, nos termos do artigo 22 do Regimento. Após, foi aprovada a Emenda nº 03, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00. Foi aprovada a Emenda nº 04, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00, por dezoito votos SIM e oito votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Humberto Goulart, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Luiz Braz e Nereu D'Avila. Em continuidade, o Vereador Sebastião Melo informou que estaria realizando, juntamente com a Vereadora Sofia Cavedon, visita a aterros sanitários de Porto Alegre, convidando os Senhores Vereadores para participarem da mesma. Também, o Senhor Presidente registrou o transcurso do aniversário, hoje, do Vereador José Fortunati, procedendo à entrega, em nome da Mesa Diretora, de um cartão de felicitações a Sua Excelência. Foi aprovado o Requerimento nº 238/01 (Processo nº 3841/01 - Moção de Solidariedade e Apoio à Câmara de Deputados e ao Senado Federal, pela aprovação do Projeto de Lei nº 1733-B/96, que estende à mãe adotiva o salário e licença-maternidade, incluindo tal direito na Consolidação das Leis do Trabalho), de autoria do Vereador Raul Carrion, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Raul Carrion, Maristela Maffei, Beto Moesch, Nereu D’Avila, Haroldo de Souza, Paulo Brum e Carlos Alberto Garcia. A seguir, o Vereador Antonio Hohlfeldt procedeu à entrega de Requerimento, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando audiência e parecer da Procuradoria da Casa, no que diz respeito à legalidade da permissão dada pelo Executivo Municipal para a permanência de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST - em canteiro central situado na Avenida Loureiro da Silva e que esta Casa estude alternativas para a realocação dessas pessoas, tendo o Senhor Presidente, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Estilac Xavier, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro e Antonio Hohlfeldt, prestado esclarecimentos sobre o assunto. Na ocasião, o Vereador Estilac Xavier informou que o Município de Porto Alegre recebeu o Certificado de Regularização Previdenciária, expedido pelo Governo Federal. Às dezoito horas e trinta e um minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Adeli Sell, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Paulo Brum e Ervino Besson e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Ervino Besson. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Cesar Pureza, representando o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, está com a palavra pelo tempo regimental de dez minutos, e falará sobre eleições da AFM, Plano Previdenciário e descontos na folha de pagamento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, a minha Bancada está preocupada - agora chegou a Ver.ª Maria Celeste - e quer saber se houve alguma epidemia com os Vereadores do PT, porque não estão presentes no Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. João Antonio Dib, não é Questão de Ordem.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu não disse que era Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Nem há esse tempo no Regimento, por favor.

 

O SR. CESAR PUREZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas municipários, especialmente a Diretoria do Montepio que se faz presente à nossa direita. Nós agradecemos pela oportunidade da concessão deste espaço para a nossa manifestação.

O SIMPA, na pessoa do seu Presidente, tomou a iniciativa de impetrar uma ação, um pedido liminar que visava a suspensão das eleições da AFM. Entendíamos que o Edital estava equivocado. Existia, durante o processo eleitoral, e existiu, e foi comprovado hoje, naquela entidade, inclusive a compra de votos. Vereador e municipário João Antonio Dib, o montante vai perto de 20 mil reais da concessão de auxílio financeiro na AFM, outro dia eu lhe trazia um dado próximo desse, e V. Ex.ª já demonstrava preocupação, portanto, municipários, esse foi o propósito da nossa manifestação e movimentação política e jurídica. De imediato, existia a intenção da própria AFM em não reconhecer um terço que estava ainda vigente. Esse um terço tomou a iniciativa de mover uma ação que suspendeu a segunda intenção de eleição. E, hoje, em último prazo, lá, Ver. João Antonio Dib, ocorreu uma eleição que, a princípio, seria, até pela própria manifestação judicial, uma prorrogação do mandato. No entanto, numa manobra inteligente, conseguiram mudar o verbo, o termo, houve uma eleição. Remete para uma briga judicial que vai longe. Espero que não. Nós conjugamos, lá no SIMPA, enquanto Diretoria, o verbo construir, nós não conjugamos o verbo destruir e nos preocupamos com a situação em que se encontra a AFM.

O segundo momento, a Previdência: esta Casa soberanamente votou, aprovou, o Prefeito vetou, e a Câmara, de novo, soberanamente, derrubou o Veto. Srs. Vereadores, os municipários estão ansiosos, aguardando o momento para se manifestar em torno da Previdência, autarquia ou direito privado. O Montepio, embora a contragosto de alguns, tem dado provas de que tem condições, sim, de gerir a Previdência. O receio, de alguns poucos, existe, porque sabem que os municipários vão decidir pela manutenção do Montepio que, no nosso entendimento, visa uma redução de uma alíquota e a manutenção de uma entidade saudável, sem que como isso venha a comprometer o próprio Orçamento, que não é nosso, que é da Cidade. Nós temos uma visão técnica e entendemos que, com esse encaminhamento, nós vamos manter o Montepio saudável, sim, e, ao nosso juízo, com a Diretoria, novos tempos exigem diversificação de investimentos. Infelizmente, a Administração, dita popular, assim não o enxerga. Eu lamento que a Vereadora e Professora Sofia Cavedon não esteja presente, porque o segundo momento que vamos abordar são os descontos e, ao nosso juízo, passa a questão dos descontos por dentro da Lei nº 7.428, sancionada em abril de 1994 pelo então Prefeito Tarso Genro e cada um dos Vereadores têm uma cópia dessa Lei.

No segundo momento, pela Lei nº 7.539, Srs. Vereadores, o Governo tinha como hábito, nas mãos da Diretoria do Sindicato, usar os municipários como massa de manobra e chamou na parte da categoria para uma assembléia em que o atrativo era elevar em 10% a margem do desconto da tabela nº 1 do art. 7º da Lei nº 7.539.

Portanto na Lei nº 7.428 o limite da tabela nº 1 era de 80% e na Lei nº 7539 pulou para 90%. Mas não disseram aos municipários que ali estava inclusa a retirada da vinculação da correção do vale-alimentação. Claro que a vinculação é inconstitucional. Mas essa manobra não foi dita com toda a honestidade aos municipários. Eu trago e citei o nome da Vereadora e Professora Sofia Cavedon, porque ela habitualmente usa esta tribuna, fazendo críticas ao Sindicato, porém não tem como comprovar aos municipários qual foi o outro interesse senão o de negociar em prejuízo aos municipários. E isso levou o Perfeito Tarso Genro a argüir a inconstitucionalidade a uma política que ele mesmo sancionou. Todos vocês sabem que já existe decisão de 1º e 2º graus; o voto do Ministro-Relator é público, é pela constitucionalidade. No último dia 10, passado, o Sindicato, o Montepio na pessoa do seu Presidente Luiz Carlos Mendelski e o municipário Sr. Antonio Barros Nortfris estivemos em audiência com o Ministro Nelson Jobim, com a Ministra Ellen Gracie Northfleet. Sendo que na oportunidade o Ministro Nelson Jobim afirmou que leva o recurso à apreciação até o final deste mês.

Quero registrar, também, que o Governo, no dia 28 de setembro passado, renovou o Decreto nº 13.416 que se refere a descontos em folha. Esse Decreto foi renovado pelo anterior nº 12.820 de junho de 2000, em que permitiu às entidades unificarem os descontos, e, logicamente, ali estava a grande intenção: em unificando os descontos, Srs. Vereadores, mascarou a ilegalidade. Por exemplo, lá na AIAMU existe a venda casada, primeiro que a AIAMU não tem autorização do Banco Central, e o servidor que precisa de um financiamento, vai até a AIAMU e sofre o constrangimento de ter de aderir a um plano de seguro, com isso contrai o financiamento, além de que sofre o desconto da mensalidade. E, no entanto, a esse desconto unificado são impostos juros superiores a 200%. O mais absurdo no último Decreto, Srs. Vereadores, é que faculta ao Executivo, durante três meses, até dezembro, descontar em folha um limite além dos 60%. Temos aí, na mesa dos senhores, um exemplo em nome do servidor Luiz Gonzaga Fagundes Paula, que está ali e nos autorizou a veicular e a publicizar essa situação. Esse servidor está recebendo, líquido, neste mês, 73 centavos, por obra dessa extorsão que o Governo da Administração Popular pratica no momento, e vai praticar até dezembro.

Estamos aqui pedindo encarecidamente a esta Casa que urgentemente reveja os artigos, do 104 ao 108, que liberam e facultam ao Executivo agir dessa forma; eu diria que extorsivamente.

Uma outra denúncia que nós queremos fazer é de que o Montepio tem a COOPERPOA e sofre por pressão e por imposição do próprio Governo, e que está contemplado nesse Decreto um desconto de mais 2% para poder cobrar os empréstimos na folha de pagamento. Portanto, está evidente que querem jogar os municipários contra as entidades, contra o Montepio, contra o Sindicato, que, aparentemente, estariam compactuando com essa prática extorsiva. A nosso juízo, essa prática extorsiva, por ora, ocorre lá no Talibã. Aqui, com esta Casa independente e soberana, temos a certeza, Ver. Nereu D’Avila, de que uma medida será tomada urgentemente.

E, para encerrar, Srs. Vereadores, quero registrar que, por iniciativa do Ver. Nereu D’Avila, então Presidente desta Casa, possibilitou a contratação do Advogado Dr. Werner Becker, e jamais, municipários, nós podemos esquecer que, grandiosamente, o então Presidente desta Casa, permitiu que o SIMPA, SINDICÂMARA e mais quatro entidades, contratassem o Dr. Werner Becker que é o Procurador na Ação que, contraditoriamente, o então Prefeito move contra os próprios servidores. Por último, usa do Decreto para extorquir os nossos salários.

Eu encerro, Sr. Presidente, dizendo que no próximo dia 28 não temos nada a comemorar a não ser essa prática Talibã de um Decreto que vem extorquir ainda mais o salário dos servidores. Se já não bastassem os próprios 27%, ou seja, a grande contradição, argüir a inconstitucionalidade de uma política que o próprio Prefeito sancionou. Portanto, o que temos de registrar é isso: nada a comemorar, nem sequer o penduricalho do tal vale-alimentação, ali estão os aposentados, que quando se aposentam não têm a incorporação desse penduricalho. Nem vou sugerir uma salva de palmas, aqui, neste momento, porque não temos, lamentavelmente, pela terceira vez, algo a comemorar. Muito obrigado Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Convidamos o Sr. Cesar Pureza a fazer parte da Mesa.

O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, em primeiro lugar, para registrar que por questões de detalhes a Câmara pagaria o vexame de não ter quórum, coisa que jamais ocorreu, mas que fique registrado que deliberadamente a Bancada do Governo, naturalmente, sempre disposta ao diálogo não gostaria de ter ouvido o Presidente do SIMPA.

Em segundo lugar, apresentar solidariedade às questões formuladas pelo Presidente, especialmente àquelas referentes a domingo próximo, 28 de outubro, Dia do Funcionário Público quando concretamente não se tem nada a comemorar a não ser a população esperando mais um aumento de impostos através do IPTU, do aumento da Planta de Valores, do aumento do valor venal de todos os imóveis de Porto Alegre - portanto puro e simples aumento de imposto - e eu espero, naturalmente, que esta Câmara seja sensível à crise que estamos vivendo e não autorize este absurdo, esta inconveniência, este desaforo. Todos os fins de ano, o Partido dos Trabalhadores quer onerar dando migalhas que o processo traz em função de um aumento generalizado. Então, é esta a expectativa do fim do ano e é esta a expectativa dos funcionários, como V. S.ª colocou na tribuna.

Portanto a nossa solidariedade aos funcionários municipais. E, se não fosse domingo, eu sugeriria que fosse de luto o dia anual do funcionário público pela não existência de política para o funcionalismo municipal pela atual Administração Municipal. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra nos termos do art. 206.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Cesar Pureza, Presidente do Sindicato, Srs. funcionários, Sr.as funcionárias, eu quero cumprimentar o Sindicato por uma luta que vem-se arrastando através dos tempos, mas o Sindicato não deixa que morra a esperança dos funcionários públicos de se cobrarem de um achaque de que foram vítimas quando, na primeira Administração do Dr. Tarso Genro, tiveram aqueles índices de reajustes alterados, sem que houvesse uma legislação para amparar a atitude do Sr. Prefeito Municipal. Isso foi parar na Justiça, e eu sei que o Sindicato está em cima, para cobrar as atitudes do Judiciário, a fim de que os funcionários possam receber aquilo que lhes foi tirado naquela época.

E agora eu vejo – e vejo com tristeza – que os funcionários públicos são vítimas de outros golpes, que infelizmente têm a participação de alguns segmentos do funcionalismo que não deveriam participar desses golpes. Eu vejo aqui um funcionário público municipal recebendo apenas 73 centavos no final do mês, porque foi obrigado a fazer desconto para seguro obrigatório, Minas, BR, AIAMU, Grêmio de Fiscais do Município, para o BANESTADO Empréstimo Financeiro, mais um monte de coisas que foram retirando dinheiro desse funcionário, deixando-o apenas com 73 centavos. Esses casos eu não vejo aqueles políticos da situação comentarem, discutirem, quererem resolver. Não, eles querem é tirar mais dinheiro da população, com esse aumento vergonhoso que querem empreender, através do IPTU progressivo, onde a classe média vai ser, mais uma vez, onerada.

Quero cumprimentar o Sindicato e a todos os funcionários, pela grande luta para modificar este quadro. Parabéns a vocês! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, primeiro os nossos efusivos cumprimentos à categoria de servidores municipais, que, ao longo da sua história, construiu, junto com o povo de Porto Alegre, os seus serviços públicos, com muita garra e com muito denodo.

Na verdade, Presidente Cesar Pureza, a sua fala corrobora aquilo que para nós é de uma clareza meridiana. O Governo da Frente Popular é um mau patrão, porque quando está na oposição, vai para o palanque, na defesa dos trabalhadores, com muita veemência, com muito vigor, com muita luta. Mas, quando está no poder, na verdade o discurso não casa com a prática. Veja, por exemplo, que a Constituição de 1988 - que, aliás, a bancada petista não quis assinar - estabeleceu a equiparação entre os ativos e inativos. De 1988 até agora, até o mês passado, a Prefeitura nunca pagou os inativos equiparados aos servidores ativos. O Prefeito atual, Sr. Tarso Fernando Genro, concedeu um aumento com a mão esquerda e tirou com a mão direita, e agora a questão está no Supremo, que são os vinte e sete vírgula poucos por cento, num processo demorado, longo, que se encontra com o Relator Jobim. De outro lado, a questão do vale-alimentação, reivindicação antiga dos servidores municipais.

A política salarial da Frente Popular, de certa forma é a seguinte: primeiro, não tem aumento. Reposição salarial não é aumento. Vamos deixar isso bem claro. Ela não se diferencia muito dos governos neoliberais que andam por aí. Isso, temos que deixar com muita clareza, com muita tranqüilidade.

Mas quero cumprimentar a categoria pela bravura, pela luta e por tudo que presta a esta extraordinária e maravilhosa Cidade, que é a nossa querida Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra nos termos do art. nº 206 do Regimento, pelo PPS.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, queremos também saudar o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, através do seu Presidente Cesar Pureza, e todos os municipários presentes. É importante a presença do Sindicato nesta tribuna, por trazer, mais uma vez, uma problemática sobre a qual esta Casa já tem discutido em outras oportunidades, que é a questão dos direitos dos funcionários públicos do Município, a sua luta pelos índices de reajuste, que foram alterados há muito tempo, e que têm, inclusive, gerado uma ação na Justiça, que se arrasta por muito tempo.

Todos os dias, inclusive no dia de ontem, a imprensa publica novos aumentos das tarifas públicas. Evidentemente que essa defasagem que se coloca entre o aumento dos impostos em Porto Alegre, que tem crescido assustadoramente, o aumento das tarifas públicas, o aumento dos produtos da cesta básica, e uma série de outros aumentos que têm penalizado a classe baixa e os setores populares da nossa sociedade, têm que ser indícios efetivos da necessidade de valorização dos funcionários públicos, com os reajustes necessários para que a categoria possa recuperar o seu poder de compra, e a sua dignidade como servidor.

Os servidores públicos têm a responsabilidade do atendimento à população, e quando o Governo não prioriza as condições de trabalho, as condições de salário dos servidores, isso afeta os trabalhadores da área pública, às vezes até tendo conseqüências na qualidade dos serviços ao conjunto da população.

Portanto, essa é uma discussão que interessa prioritariamente aos funcionários municipais de Porto Alegre, mas interessa, também, ao conjunto da sociedade porto-alegrense. Sendo assim, evidentemente, diz respeito a esta Casa. Muito obrigada.

 (Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com satisfação que recebemos aqui o Sr. Cesar Pureza, Presidente do SIMPA. Vejo sempre nas ruas a reclamação contra o Governo Federal, contra o Governo Estadual e aqui parece que está tudo às maravilhas. Sentimos que a categoria está muito dividida; o Poder Público Municipal não tem dado aquele respaldo, não tem estendido aquela mão, aos funcionários municipais, e aqui também tem muitos problemas.

Saúdo a sua presença e a de todos os funcionários municipais, e digo que lutem, que mostrem a realidade a Porto Alegre, que nós aqui não estamos às maravilhas; que temos muitos problemas escondidos, às vezes, pela malandragem, pela malícia, pela forma de posicionamento. O funcionário público municipal tem de se manifestar fortemente, tem de mostrar a realidade, porque aí fora pensam que o funcionário público está muito bem. Não está, o Poder Municipal tem cometido muitos erros, iguais aos do Governo Federal e Estadual.

Quero, portanto, deixar a nossa Bancada à disposição dos funcionários públicos municipais para que lutem, cara a cara, frente a frente, com o Governo Municipal para mostrar a sua realidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Sr. Presidente da Mesa, eu gostaria de esclarecer o questionamento que fiz, que V. Ex.ª interpretou como Questão de Ordem, mas não era. Era até para fazer uma ordem na questão. Num momento de dúvidas, angústias e medo, e o antraz sendo anunciado, de repente, quando toda a Bancada do PT não compareceu para abrir a Sessão, este Vereador tinha de se preocupar. Agora estou satisfeito, porque a maioria já está aí.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em dois minutos não seria possível fazer uma análise do que aqui foi colocado pelo Presidente do SIMPA. Mas uma coisa fica absolutamente clara: ao longo do tempo, a administração da Prefeitura sempre afirmou que não poderia repor os salários dos municipários, porque os gastos excediam àquilo que a Lei Rita Camata preconizava. Hoje, nós sabemos que os gastos - o Prefeito e o Secretário da Fazenda assinaram – com pessoal são de 42%. Não são mais os 60%, nem os 65%, mas 42%. Então, os servidores têm sido injustiçados, como duas vezes lhes tomaram o dinheiro de dentro do bolso quando retroagiram uma Lei para tirar e, quando retroagiram uma liminar para também tirar o dinheiro dos servidores municipais.

Agora, eu espero que algumas coisas ocorram, até porque na LDO apresentei uma Emenda propondo o aumento do vale-alimentação, foi aceito por todos e sancionado pelo Prefeito. Espero que aconteça e que melhoras aconteçam para os servidores do Município, que precisam, têm o direito para que pudessem, até, comemorar o seu dia como servidores municipais. Mas não vai ser bem assim.

Com relação ao patrimônio dos municipários, eu penso que ele deveria ser inalienável, olhado pelo lado que fosse olhado. O patrimônio dos municipários deve ser dos municipários. Saúde e paz! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Porto Alegre é uma cidade que resiste a um modelo de exclusão econômica nacional que amplia o número de miseráveis, determina perda do emprego, faz com que o nosso patrimônio seja sucateado. Há forças políticas neste País, onde o PT se incluiu com muito orgulho, que defendem um serviço público de qualidade e transparente, sob o controle social. Esse é um patrimônio que o nosso Partido tem e, por isso, nos colocamos sempre na fronteira contra aqueles que quiseram vender as estatais e que quiseram desmontar o serviço público com os PDVs e outros mecanismos que foram feitos de desvalorização do funcionalismo.

É a única cidade do Brasil e, talvez, da América que tem reposição salarial, e que, no período da aplicação do Plano Real, deu o dobro daquilo que a inflação oficial, pelo menos, promulgou. E, agora, tivemos a felicidade de sermos atores, partícipes, em conjunto com os nossos colegas, a grande esmagadora maioria desta Casa ter transformado a ação previdenciária, o regime próprio da previdência dos municipários em uma autarquia pública, não mais sujeita à manipulação e sob o controle dos Tribunais de Contas e desta Casa.

Por isso, nós temos muito orgulho em falar para os funcionários públicos de Porto Alegre. Sabemos que há limites, mas sabemos que estamos na fronteira e na vanguarda daqueles que querem a valorização dos servidores, seja nos seus ganhos seja nas condições de trabalho. De triste memória são aqueles que passaram pelos governos de Porto Alegre e do Estado, e a quem o povo teve que fazer retornar para a Planície, porque não souberam administrar bem a coisa pública e sequer tiveram zelo com as questões dos funcionários. Esta é a nossa saudação pelo Dia do Funcionário Público. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Nós pedimos às galerias que mantenham respeito aos nossos parlamentares quando de suas manifestações. Por favor!

O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos, em nome da Bancada do PC do B, manifestar a nossa homenagem aos funcionários municipais, estaduais e federais - tivemos ontem uma Sessão Solene nesta Casa para tratar disso - e referir que, enquanto há sete anos, no nosso Brasil, os servidores federais não têm nada de aumento e acumulam perdas de 80%, em Porto Alegre, se considerarmos, de 1994 até o dia de hoje, nós tivemos aumentos bimestrais – é claro que nós compreendemos que existem ainda carências, problemas que devem ser enfrentados – que chegaram, acumulados, a 184,18%.

Este é o paralelo: de um lado o Governo Federal - ouvi alguns parlamentares desta Capital, cujos partidos o apoiam, se manifestarem - que, em sete anos não deu 1% de aumento, reduzindo, portanto, os salários, em 80%. Em Porto Alegre nós tivemos, com todos os problemas – e Porto Alegre não é uma ilha em meio ao neoliberalismo - da exclusão, um aumento de 184%. Muito resta ainda por fazer, mas creio que Porto Alegre ainda é, para os seus servidores, um privilégio que não existe em nenhum outro ponto do País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Agradecemos ao Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, Sr. Cesar Pureza, pela presença, o qual participou da nossa Tribuna Popular. Suspendemos os trabalhos da presente Sessão para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h57min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 14h58min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. NEREU D’AVILA (Requerimento): Sr. Presidente, foi distribuído aos Srs. Vereadores, há poucos instantes, a grade de programação do Canal 16 da nossa Câmara. Nós estivemos analisando estupefatos e perplexos que a nossa correlação de horários em relação a Assembléia é um prejuízo enorme para a transmissão dos nossos trabalhos.

Aqui está que na segunda, terça, quarta e quinta, a TV Câmara reproduz as nossas Sessões às 18h, tão-somente na segunda, na terça, na quarta e na quinta. Na segunda, a Sessão de segunda; na terça, a Sessão da segunda e na quarta, a Sessão de quarta-feira e na quinta a Sessão de quarta, repito, às 18h, enquanto a Assembléia reproduz às 22h30min nas segundas, terças, quartas, quintas e sextas-feiras, ou seja, o horário de maior pico de audiência fica única e exclusivamente para a Assembléia. Aí, na sexta-feira, piora a situação da Câmara. A TV CÂMARA reproduz a Sessão de sextas-feiras às 14h, às vezes ainda nem terminou aqui a Sessão e já está sendo reproduzida e a TV Assembléia às 22h30min, novamente. No sábado mantém-se o prejuízo da Câmara, quando a TV CÂMARA reproduz a Sessão de sexta-feira às 15h, no meio da tarde de sábado, ou seja, a audiência é nula e no domingo no mesmo horário, às 15h, quando a Assembléia, novamente, é privilegiada com a retransmissão das suas Sessões, às 19h de sábado e às 19h de domingo.

Por isso, diante dessa eloqüente grade de prejuízo em relação a esta Casa, que antes do funcionamento da TV Assembléia, havia reproduzido duas vezes no horário das 19h e depois a partir das 22h30min, quando no horário de pico, 23h30min, meia-noite, as pessoas assistindo à TV CÂMARA...

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Perfeito, Vereador, nós estamos entendendo a proposta de V. Ex.ª e creio que é uma preocupação da Casa...

 

O SR. NEREU D’AVILA: Então, Sr. Presidente, por favor, não me interrompa. Eu estou fazendo um Requerimento que agora eu vou formular. Não me interrompa. Eu formulo o seguinte Requerimento...

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Vereador, eu apenas quero colaborar com V. Ex.ª.

 

O SR. NEREU D’AVILA: É que a metade dos Vereadores não sabe disso, só estão sabendo agora e a população tem de saber disso. Então, o meu Requerimento...

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Eu pediria a V. Ex.ª...

 

O SR. NEREU D’AVILA: Só um pouquinho, eu só pediria a V. Ex.ª que tivesse a educação de deixar eu terminar o meu pensamento. Estou requerendo que haja uma reunião de Mesa e Lideranças para que nós sejamos informados do porquê aconteceu isso e quais as providências para que nós ainda salvemos o nosso prejuízo. Era isso, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Vereador, era dentro dessa idéia de V. Ex.ª que eu queria comunicar que amanhã, pela manhã, teremos a nossa reunião da Mesa e este Vereador querendo já, enfim, adiantar-se ao Requerimento de V. Ex.ª já colocando à disposição a nossa reunião de Mesa do dia de amanhã para que as nossas Lideranças, se quiserem participar, podermos já colocar em pauta da nossa reunião de Mesa, do dia de amanhã, essa questão que V. Ex.ª tão bem tomou conhecimento no dia de hoje e já pediu a manifestação da Mesa Diretora. Foi tão-somente com essa intenção que eu, na direção dos trabalhos, reconheço que não deveria ter feito, mas tentei colaborar com o encaminhamento de V. Ex.ª.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, eu compreendo, agradeço a V. Ex.ª pela providência e tenho certeza de que V. Ex.ª será a nossa voz ampliada, amanhã, na reunião da Mesa e, posteriormente, na reunião junto as lideranças. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com certeza, Vereador. Eu peço à nossa Diretora, que por favor, inclua na nossa reunião de Mesa amanhã, o convite às Lideranças para tratarmos desta pauta trazida pelo Ver. Nereu D’Avila.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, ao Requerimento do nobre Ver. Nereu D’Avila, um assunto deve ser adendado: os horários que correspondem à Câmara Municipal não são respeitados.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Por isso mesmo, Vereador, é que eu penso que é de bom alvitre que façamos essa reunião amanhã. Por isso, convido a todas as Lideranças para que possamos debater sobre esse assunto e chegarmos a um bom denominador, que atenda tanto à Assembléia Legislativa, como ao nosso Poder Legislativo Municipal, visto que somos os pioneiros na transmissão da programações das nossas Sessões, através da TV Câmara.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2115/01 - SUBSTITUTIVO Nº 01, que denomina Rua Augusto Bohnenberger um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 126/01, ambos de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia.

 

PROC. Nº 3035/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 207/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que autoriza o Médico Socorrista a internar o paciente em estado grave na rede privada de hospitais, quando não obtiver leito na rede pública. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. Nº 3834/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 097/01, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que denomina Dilamar Valls Machado o Salão Nobre da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 3843/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 257/01, de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon, que inclui a Festa do Dia da Criança, promovida pelo CMDCA, no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 3850/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 259/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Luiz Carlos Lopes Madeira.

 

PROC. Nº 3930/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 261/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que denomina Praça Padre Angelo Costa um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Partenon.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0507/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/93, de autoria do Ver. João Motta, que estabelece diretrizes gerais para a criação e funcionamento de Cooperativas Habitacionais Populares no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Substitutivo nº 02 e Emendas nºs 01, 02, 03, 04 com Subemenda nº 01, 05 e 06 ao Substitutivo nº 02. (desarquivado pelo Ver. Raul Carrion)

 

PROC. Nº 3614/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 243/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Semana Educativa para Conscientização e Doação de Órgãos no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emendas nºs 01, 02 e 03.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. Nº 3900/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 099/01, de autoria da Mesa Diretora, que dá nova redação à letra "b" do § 1º do art. 58 do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores. (composição Comissões Temporárias)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu diria que a Pauta de hoje está civilizada, nenhum novo Projeto de Lei na Ordem do Dia, e em primeiro dia de Pauta. Mas a Ordem do Dia tem mais de sessenta projetos de lei para serem discutidos e votados. Então, o nosso problema não é falta de leis é falta de cumprimento às leis, como já fez o Prefeito, quando não cumpriu a própria lei que ele mandou e nós aprovamos, sem alterar nenhuma vírgula, e o Prefeito pediu ação direta de inconstitucionalidade. Recebeu uma liminar, caiu a liminar, ele não pagou, e sabia que tinha que pagar e continua não pagando. Portanto, não cumpriu a lei. O nosso problema, não é falta de leis, é falta de respeito às leis.

Em 2ª Sessão de Pauta tem denominação de logradouro público. Correto, desde que o Prefeito, atendendo ao que determina a Legislação Municipal - por isso que eu digo, não é falta de lei -, coloque as placas nas ruas da Cidade, porque não há placas.

Eu coloquei na Lei de Diretrizes Orçamentárias, e foi aprovado, que as ruas devem receber sinalização. É incrível ter de fazer lei, dizendo que a lei deve ser cumprida. É incrível, mas foi o que aconteceu.

O Ver. Humberto Goulart está preocupado com a saúde dos munícipes, e quer que o SUS dê mais atenção a todos os porto-alegrenses que são necessitados e que são muitos. E até a Prefeitura, em uma reunião havida aqui no ano passado com a Secretaria Municipal da Fazenda, Comissão de Saúde, dizia: "Por que o servidor municipal há de ter tratamento diferente do resto da população?" Por que ele há de ser atendido por um convênio, que é lei há muito tempo e que não é dado o atendimento da Prefeitura aos seus servidores, lá na AFM, através do convênio. Não mudaram, mantém o convênio, mantém a lei, mas só não aditam os valores. Os valores são sempre os mesmos há muito tempo. O servidor não tem saúde e nós temos uma lei que diz que eles têm de ser atendidos. Não só os servidores, mas seus familiares, inclusive os Vereadores.

O Ver. Nereu D'Avila quer homenagear o nosso ex-colega, querido Ver. Dilamar Machado, dando ao Salão Nobre o nome do Vereador.

A Ver.ª Sofia Cavedon quer mais uma lei, só que já está sendo feito: são milhares de crianças atendidas pela municipalidade, mas ela quer que seja lei. É capaz de, fazendo lei, não termos mais crianças atendidas.

O Ver. Sebastião Melo quer dar um Título de Cidadão de Porto Alegre a uma figura que merece, Luiz Carlos Lopes Madeira.

O Ver. Aldacir Oliboni também não está respeitando a lei, quer denominar Padre Ângelo Costa, meu saudoso amigo, um logradouro público. Isso já não deveria ter voltado aqui, porque, na Sessão anterior, eu avisei que já há um logradouro público com esse nome; não há por que fazer essa nova lei, e nem vai ser possível; vai ter de ser rejeitada quando passar na Comissão de Justiça.

O Ver. Raul Carrion desenterrou um Projeto de Lei de 1993, do Ver. João Motta, que foi Secretário do Planejamento, onde poderia ter tratado isso, naquele período de dez meses, e não o fez. Então, não sei por que devemos analisar esse Projeto de Lei, mas respeito a preocupação do Ver. Raul Carrion, porque sei que a intenção dele é dar melhores condições para que os que hoje não têm habitação possam ter uma outra possibilidade, já que o DEMHAB não lhes dá.

E o Ver. Aldacir Oliboni pretende, também, fazer uma Semana Educativa para a Conscientização da Necessidade de Doação de Órgãos. Estou vendo isso todos os dias nos jornais. Não tem por que fazer essa semana, e acredito que até contraria a Lei Orgânica, quando diz que, ao Prefeito, compete esse tipo de coisa. E essa é a nossa Pauta.

O outro é um Projeto de Resolução, alterando o funcionamento das Comissões Especiais, no sentido de melhorar o funcionamento da Casa, e leva o nosso aplauso.

Portanto, o nosso problema não é fazer mais leis. O nosso problema é que não cumprimos as leis que existem. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou tocar em um assunto que não me agrada, mas que eu não posso, em absoluto, calar-me. As Sessões Legislativas Ordinárias desta Casa estão-se dando de uma forma descortês, para não dizer o que estou pensando: são instaladas bagunças de tal maneira que me nego a vir à tribuna, pois não fui eleito Vereador para ser apupado ou aplaudido por galerias e para espectadores nesta Casa, falo para o Plenário. Em uma Sessão Ordinária, Sessão Legislativa ou Sessão de votação, o Vereador fala para o Plenário, não fala para galerias; não fala para agradar, nem para desacatar alguém. Pensando assim eu pergunto à Mesa: onde é que vamos chegar se na semana que findou, assisti às galerias entrarem em convulsão, xingarem Vereadores, quase agredindo-os, se não agrediram? O que é isso? Isso é respeito ao Legislativo? Por favor, isso não é educação! Um poder tem de ser respeitado para ser ouvido. É verdade que são votações que inflamam, que chamam a atenção dos interessados, mas eles não têm o direito de convulsionar a Casa e a desrespeitarem.

Eu fiz uma Emenda que foi rechaçada pelo então ex-Vereador Barbosa que está agora na Secretaria de Transportes do Município. Eu dizia, no Regimento, procurando sanar esses absurdos, no parágrafo único de uma Emenda minha, incluía no Regimento, o art. 142: (Lê.) “É permitido a qualquer pessoa assistir às Sessões da Câmara, desde que convenientemente trajada, em silêncio, não sendo permitidas manifestações de apoio ou de protesto, aplausos ou vaias, bem como atitudes que mesmo silenciosas que atentem contra a honra e a dignidade do Poder Legislativo do Rio Grande do Sul, à Mesa condutora dos trabalhos ou de qualquer Vereador”. Se quero ser respeitado, eu tenho de respeitar! Como é que posso reclamar respeito, se não respeito os outros? Não é possível.

Infelizmente, o Ver. Barbosa apresentou uma Subemenda e, na época, conseguiu me vencer. Ele suprimia, era uma subemenda supressiva, que dizia o seguinte: “...desde que convenientemente trajada, em silêncio, de apoio ou de protesto, aplausos ou vaias e mesmo silenciosas.” Tirava essa parte. Despojou completamente o Parlamento do respeito e, hoje, está no que está, a Mesa não controla! Não pode controlar, porque lhe falta o Regimento. E o que eu fiz? Fiz um Ofício à Mesa e vou ler o Ofício: (Lê.)

“Apresento a Vossa Excelência, como sempre faço, em prol do melhor desempenho dos trabalhos desta Casa, a sugestão de alterarmos a configuração do Plenário, que é grande parte das atividades legislativas.

Refiro-me à entrada do salão, onde se dão os debates.

Deve ser impedida a entrada de pessoas estranhas, com uma divisória de madeira e vidro grosso, contínua, de ponta a ponta, com altura de, pelo menos, 3m, a fim de que as Sessões possam ser efetuadas sem as costumeiras interrupções de forma indisciplinada e grosseira, partindo de espectadores que perturbam os trabalhos, impedindo sua direção pela Mesa.

O acesso se dará, para os Vereadores, pelas portas situadas atrás da mesa e na entrada do Salão Nobre, onde estão os retratos dos ex-Presidentes.”

Cheguei a conduzir a idéia à Mesa.

“O orador, de sua tribuna, não deve provocar os espectadores, dirigindo-se a eles de forma acintosa e provocativa.”

Não! Tem de respeitar. Mas os espectadores têm de vir à Casa para assistir, não para interferir. Não é possível que admitamos que o Poder Legislativo seja uma bagunça! Nós estamos contribuindo para isso. Vamos a uma Sessão do Tribunal de Justiça. Respeito absoluto. Por que o Judiciário tem respeito e o Legislativo não tem respeito. Isso não é um campo de futebol, onde se disputa partida que mexe com as emoções.

Bem, meus senhores, não estou agredindo ninguém, estou reclamando algo importante: respeito, só respeito, porque se eu não respeitar, eu não vou ser respeitado. E é isso que eu quero. Esta Casa é uma casa de respeito. Eu lutei muito para que todos os Vereadores colocassem gravata e paletó. Colocaram gravata e paletó. Quando cheguei, aqui, não colocavam, agora colocam. Por quê? Porque eu quero respeito! Respeito, dignidade para que possam me respeitar. Por favor, me auxiliem! Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, nesta discussão preliminar de Pauta eu quero me dedicar, hoje, à discussão do Projeto que foi desarquivado pelo Ver. Raul Carrion, que é de autoria do ex-Vereador João Motta que versa sobre a questão de cooperativas habitacionais no âmbito de Porto Alegre.

Ver. Raul Carrion, essa matéria, e V. Ex.ª que preside a nossa Comissão sabe que é um drama permanente da sociedade brasileira, gaúcha e porto-alegrense a questão habitacional. Os governos, nos seus mais diferentes níveis, não têm tido políticas habitacionais capazes de atender à grande demanda da sociedade que vive em subabitações, e até mesmo debaixo de pontes nesta Cidade.

A Prefeitura de Porto Alegre sempre teve um discurso favorável às cooperativas, eu sempre ouvi isso na caminhada e na militância do dia-a-dia, desde quando advogava na FRACAB, mas o andar da carruagem tem mostrado diferentemente esse discurso, qual seja: não há, Ver. Isaac Ainhorn, uma política habitacional e muito menos uma política de incentivo às cooperativas. E eu vou citar exemplos: a coisa mais difícil, do ponto de vista habitacional, neste Município é os cooperativados regularizarem uma cooperativa, individualizarem os seus lotes; para não falar da falta absoluta de incentivo concreto, Ver. Pedro Américo Leal, para cooperativas de baixa renda.

Outro exemplo: lá na Estrada do Rincão tem uma cooperativa chamada Cooperativa Vale Verde. Em 1997, essas pessoas moravam perto da Cavalhada, na Vicente Monteggia e com muito esforço conseguiram adquirir aquele terreno que era um banhado. Então, o primeiro desafio foi juntar o dinheiro para dar entrada no terreno. E as pessoas tinham de ir para lá, porque moravam em área de risco, e foram desalojados pelo Município. Aterrar o terreno foi o primeiro desafio. O senhor acha que o Poder Público é capaz de conceder um caminhão de terra? Não! Absolutamente não! O Poder Público vai fazer o arruamento? Absolutamente não! O Poder Público pode ajudar na infra-estrutura? Absolutamente não! Na verdade, o Projeto, na nossa avaliação, serve para a discussão. Mas o que falta é o Poder Executivo ter vontade política, e assim não precisaria de projeto de lei para investir na habitação popular e, muito precisamente, nas cooperativas. Será que não é razoável para aqueles cooperativados, que ganham até três salários mínimos, Ver. Raul Carrion, que o Poder Público fizesse a infra-estrutura dos terrenos? Eu acho altamente positivo e dentro desse Projeto nós temos de adentrar. Porque são pessoas de baixíssima renda que terão enorme dificuldade para construir a sua casinha e jamais terão dinheiro para a infra-estrutura. E para o Município é um ganho, porque a habitação é um direito do cidadão e um dever do Estado no sentido lato sensu. Se incentivarmos as cooperativas, conseqüentemente teremos menos favelados, menos pessoas morando em área de risco e assim teremos mais cidadania. Todo o dinheiro colocado na cooperativa é um ganho da sociedade, Ver. Raul Carrion.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço a preocupação de V. Ex.ª em examinar esse Projeto. Nós trouxemos este Projeto novamente à discussão com o objetivo do seu aperfeiçoamento, mas mantendo a autoria. Nós poderíamos, como falou o Ver. João Antonio Dib, iniciarmos com o Projeto sobre a questão das cooperativas, mas entendemos que esse Projeto vem tramitando, e no ano passado ele estava tramitando nesta Casa, ele pode ser de 1993, mas estava em discussão, sofrendo uma grande discussão na sociedade também. O nosso objetivo é este. Estamos abertos para discutir todas as propostas e pretendemos fazer um Substitutivo, onde poderão ser acrescidas de uma série de idéias. Não vou entrar no detalhe concreto da sua proposta, mas vamos conversar bastante na própria CUTHAB. Muito obrigado.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Agradeço o aparte de V. Ex.ª e ao Sr. Presidente pela tolerância. Finalizo dizendo que, nesta Casa, entre os temas que têm de ser pauta permanente, um deles deve ser habitação popular, que é uma grande carência e não há políticas públicas do Município, do Estado e da União para essa matéria para o Brasil, para o Rio Grande do Sul e para Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, a discussão que trago para fazer hoje é com relação ao Projeto apresentado pela Ver.ª Sofia Cavedon, que inclui a Festa do Dia da Criança, promovido pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente no calendário de eventos oficiais da cidade de Porto Alegre. Quando nós marcamos uma data em nossas vidas, essa data tem um significado, essa data é significativa. Então, a comemoração do Dia da Criança, estar inserida no calendário oficial, vem trazer para nós mais do que simbolicamente repercute no nosso mundo capitalista de hoje, mais do que a questão do consumo, do dar brinquedos, do fazer da festa novamente um ato de consumir, novamente um ato do capitalismo que nós enfrentamos hoje. Por isso, essa proposta é meritória, porque vai além de se comemorar o Dia da Crianças como simplesmente uma festa, simplesmente uma festa de dar brinquedos ou de promover comes e bebes, enfim, da alegria desse ato simples.

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, criado por meio da Lei Municipal nº 6.787, de 14 de janeiro de 1991, tem entre as suas atribuições: (Lê.) “Formular políticas municipal de proteção, promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, apreciar e deliberar a respeito dos auxílios ou benefícios, bem como da aplicação do mesmos a serem concedidos a entidades não-governamentais que tenham por objetivo a proteção e a promoção da defesa dos direitos.”

O evento deste ano, realizado por esta meritória entidade com parceria com o Fórum Municipal de Entidades da Cidade de Porto Alegre, realizado no Parque Harmonia, no dia 18, contou com a participação de trezentas e trinta e duas entidades que têm atendimento direto às crianças e adolescentes na Cidade de Porto Alegre, dez mil e oitocentas crianças e adolescentes, novecentos e sessenta adultos, educadores, populares, fora a comissão organizadora. Então, Senhoras e Senhores, um evento deste porte precisa estar marcado, precisa estar referendado no calendário oficial da Cidade.

Acho que o Ver. João Antonio Dib, quando se refere da não-necessidade disso, talvez não conheça o porte que tem esse evento, por isso eu fiz questão de buscar os dados. E mais do que a efetivação desse evento como uma data comemorativa, ele também é um evento que marca a luta pela defesa dos direitos de nossas crianças, e vai mais além, pelos direitos humanos de todos nós.

O ECA, em 14 de outubro deste ano, comemorou onze anos de implantação no País, garantindo, então, a proteção integral. E se nós olharmos a situação no mundo, nós temos que ficar muito preocupados. Nós temos seiscentos milhões de crianças que vivem abaixo da linha da pobreza, cem milhões, das quais, a maior parte, meninas, estão fora da escola. Se observarmos a situação do Continente Africano, onde a fome, as doenças têm dizimado milhares de crianças, de cada cem crianças nascidas, nove teriam morrido antes de completar 5 anos; das noventa e uma que sobraram, dezoito não freqüentam a escola, trinta e três não teriam sido registradas, ou seja, não teriam direito a documentos oficiais, reconhecimento de nacionalidade e acesso ao sistema de saúde.

Portanto, diante de uma situação caótica, séria no mundo e, certamente, com reflexos no Brasil, nós temos que dar importância, sim, para um Projeto que parece muito pequeno, muito simples, mas que marca e demarca na Cidade a importância da luta pela defesa dos direitos humanos e, principalmente, a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente, quero agradecer ao Presidente Fernando Záchia pelo seu empenho com relação a sala para a Bancada do PHS - Bancada, não, não existe Bancada de um homem só, embora exista muito gente que diga Bancada – para o Partido Humanista da Solidariedade – PHS -, do único Vereador da Casa, Ver. Haroldo de Souza, já está sendo encaminhada e muito obrigado também pelo empenho da querida Dona Neuza.

O Partido dos Trabalhadores fala bonito nos discursos sobre projetos de crianças, adolescentes, direitos humanos, “porque nós estamos preocupados...”, mas, na prática, na prática... Quando é que o Prefeito Tarso Genro vai cumprir a sua palavra? Mas que coisa, meu Deus do céu. Eu vou continuar batendo aqui, durante quatro anos, se for preciso, eu vou falar sobre esse problema do menino e da menina de rua.

 

(Aparte anti-regimental, inaudível.)

 

Ah! Mas se eu for Deputado, meu nobre Vereador, eu vou ter um pouquinho mais de força para cobrar, e não vai ser só tirar as crianças de rua de Porto Alegre, mas de Passo Fundo, de Bagé e adjacências, porque todos são humanos também, todos.

Mas, no último dia 12, escondido, anonimamente - nem sei se fiz certo em ficar anônimo - acompanhei de longe a festa realizada no bandejão popular, no Bairro da Azenha, que nada mais é do que o restaurante popular, que eu entrei com Projeto nesta Casa, no início do ano e que o Ver. Aldacir Oliboni, do PT – tinha que ser do PT  -, disse que também é dele. Eu nunca vi uma criança ter dois pais, mas, de qualquer maneira, na época da modernidade pode ser, geneticamente, é impossível. Adultos e crianças, das mais diferentes vilas de nossa Cidade, estavam lá na Festa do Dia da Criança. Uma festa promovida pelo Algeu Camargo e toda a sua equipe de voluntários, que realizam esse fantástico trabalho de dar comida aos carentes ao preço de 1 real. Confesso que, de longe - porque não estou aqui para aproveitar de momentos e tirar proveito político - me emocionei com tudo o que vi: músicas, distribuição de lanche, refrigerante, as mais diversas brincadeiras, fizeram o dia de uma significativa parcela da população, na sua representatividade, aqueles que não têm condições de fazer uma refeição digna, pelo menos uma vez por dia. Emocionei-me e senti, pela primeira vez, que é preciso, sim, apresentar idéias nesta Casa, mesmo que elas sejam tratadas única e exclusivamente de forma política pelo Partido que hora está no Governo.

Estou sabendo que o “Bandejão Popular Gaúcho”, nome dado ao restaurante popular, que funciona na Rua Gen. Caldwell, está servindo quatrocentas e cinqüenta refeições ao dia, ao preço de 1 real e mais a doação de cinqüenta refeições diárias. A meta é atingir mil pessoas-dia, fazendo uma refeição decente, digna, servida com carinho por voluntários, que ali estão dando a sua parcela de colaboração, a exemplo da voluntária, Sr.ª Maria Assis Costa, de 84 anos de idade, que se engajou de corpo e alma nesse trabalho coordenado pelo Sr. Algeu Camargo.

De longe cheguei; de longe, fiquei e fui embora com o coração cheio de alegria. Eu não vou mais pedir pressa na votação do restaurante popular nesta Casa, mesmo porque eu já recebi proposta indecente por parte do PT a esse respeito e não quero mais tocar nesse assunto. Mas pedi à minha assessoria para fazer um levantamento. Se as coisas andassem bem mais rápido em nosso Parlamento, como estaríamos hoje, com o restaurante popular funcionando em nossa Capital? Nós entramos com o Projeto no dia 15 de fevereiro de 2001. Se os Parlamentos fossem mais ágeis - e não estou culpando só o nosso, mas todos -, se não houvesse tanta burocracia, tantos trâmites, regulamentos, regimentos, discussão, encaminhamento, aprovação, sanção de Prefeito, execução; se um projeto levasse trinta dias para ser aprovado e mais sessenta para a implantação - já que o Bandejão da Azenha demorou sessenta dias -, nós já estaríamos com cinco meses de funcionamento do restaurante popular. Minha idéia não é de apenas um restaurante como aquele do Rio de Janeiro, mas principalmente pela experiência desse que funciona na Rua da Azenha, um restaurante na Av. Assis Brasil, na Lomba do Pinheiro, na Restinga e região. Gostaria que a Ver.ª Maristela Maffei fosse a favor do restaurante popular na sua região, que é a Lomba do Pinheiro. E nós já teríamos servido duzentas e vinte e cinco mil refeições num período de cinco meses.

Então, penso que é um Projeto que deve ser apreciado, que deve ter uma reflexão por parte de todos os Vereadores. Mas, de qualquer maneira, já estou satisfeito, porque pela simples idéia colocada aqui, o Bandejão Popular já está em funcionamento. E se não fazemos, que bom que entidades comunitárias usem nossos projetos e os coloquem em prática! Eu fico envergonhado com isso, mas o que fazer, se as coisas na política são assim mesmo? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Queremos registrar, com alegria, a presença dos Vereadores da Cidade de Osório: Gilmar Luz, do PDT, e Gil da Voglio, do PMDB. Sejam muito bem-vindos a esta Casa.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. e Sr.as Vereadores, senhoras e senhores que nos assistem nas galerias, e também pessoas que nos assistem pela TVCâmara, quero saudar também a presença do colega Ver. Gilmar Luz, que, por longos anos, trabalhamos juntos no gabinete do Deputado Ciro Simoni, na Assembléia Legislativa. Com muito calor humano, nós o recebemos nesta Casa. Também quero saudar o Vereador, de Osório, Gil da Voglio, natural da cidade onde nasci, Casca. Sejam bem-vindos à Casa do Povo, à Câmara Municipal de Porto Alegre.

É uma pena que o Ver. Humberto Goulart, médico, não se encontre presente neste momento. O Ver. Humberto Goulart entrou com um Projeto de Lei nesta Casa, PLL nº 207/01, que autoriza o Médico Socorrista a internar o paciente em estado grave na rede privada de hospitais, quando não obtiver leito na rede pública. É um bom Projeto. Nós temos de discutir com muita profundidade este Projeto e votá-lo com a maior urgência nesta Casa.

Porque digo isto: hoje, pela manhã, familiares se socorreram deste Vereador para resolver problemas de familiares na rede de saúde da cidade de Porto Alegre. Chega, neste momento, o meu querido Ver. Humberto Goulart, e quero agradecer pelo apoio que este Vereador está tendo no gabinete, porque o Vereador se socorre do médico desta Casa, do Ver. Humberto Goulart, que é um médico comunitário, um médico humano, que enfrenta, no dia-a-dia, com o seu coração, os problemas da saúde na Cidade. Quero também agradecer aos integrantes do Gabinete do Presidente e aos integrantes da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, que sempre dão um atendimento muito especial, muito carinhoso a este Vereador.

No dia 20 de setembro - chamo a atenção principalmente da Bancada do PT -, no Parque da Harmonia, um rapaz estava trabalhando - e sabem que lá há muitos tipos de comércio durante o evento em que se comemora a Semana Farroupilha -, às 16h, e foi assaltado. É claro que tentou defender a mercadoria que estava sendo levada por dois menores. Um colega que trabalhava no mesmo local foi chamar a segurança e o outro tentou se defender e recuperar a mercadoria, quando chegou um terceiro que lhe deu um “faconaço”, quase amputando-lhe a mão esquerda. Aí começou a luta da família: dirigiram-se ao HPS, e após esse primeiro atendimento é que começou o martírio. Até hoje o Chanderlei, um jovem de 19 anos, não conseguiu ainda fazer uma cirurgia de correção naquele ferimento, e hoje fomos lá no Postão pedir socorro aos médicos. Se ele tivesse tido o atendimento na hora certa, ou seja, ter saído do HPS e ido para outro hospital para fazer uma cirurgia, ele já estaria praticamente recuperado. Hoje ele não está podendo trabalhar, com problemas sérios na mão, e do seu trabalho depende o sustento da sua família.

Portanto, a central de consultas da Secretaria da Saúde não funciona, piorou cem vezes a situação! Não é este Vereador que está dizendo, mas os médicos que, lá, nos atenderam hoje pela manhã.

Sr. Presidente, peço, por favor, pela gravidade do assunto, que V. Ex.ª permita que eu ainda possa dar um aparte ao Ver. Humberto Goulart.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Ver. Ervino Besson, não vou permitir um aparte porque o Ver. Humberto Goulart é o próximo inscrito e ele dispõe, regimentalmente, de cinco minutos para discutir a Pauta.

 

O SR. ERVINO BESSON: Agradeço a V. Ex.ª, Sr. Presidente. O caso é gravíssimo, espero que esta Casa tome uma providência urgente, urgentíssima, porque não podemos admitir o que está acontecendo, hoje, na nossa rede de saúde pública da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para me irmanar com a revolta do Ver. Ervino Besson. Ninguém desconhece, nesta Casa, a sensibilidade que esse Vereador possui. Ele é um político diferente dos outros políticos. Ele não fica alheio, dentro dos seus sentimentos, quando procurado para resolver qualquer problema. Não têm a dimensão de uma coisa de rotina, para o Ver. Ervino Besson, os pedidos que ele recebe e a maneira como ele tenta resolvê-los. Ele está apaixonado por esses casos, e quando não consegue resolver um problema de saúde na Capital do Estado, ou seja, não consegue resolver o problema de uma cidade que se diz “a melhor em saúde, entre as melhores do Brasil”... Tudo está completamente equivocado.

O grande problema desta Cidade, na saúde, é que lhe falta planejamento. Não há planejamento de saúde, Ver. Ervino Besson. E V. Ex.ª não vai conseguir reconstituir os tendões da mão da pessoa que lhe procurou, porque eles não sabem onde fazer, não sabem como fazer e, muito mais grave, não há levantamento epidemiológico dentro da Cidade, ou, se há, está escondido. Ainda ontem, uma enfermeira, depois da nossa reunião com os funcionários da área da saúde, veio-me mostrar que havia um planejamento de enfermagem dentro do Hospital de Pronto Socorro. Mas isso é pontual! Nós precisamos é de grandes políticas, e, para que exista planejamento, é necessário existir levantamento epidemiológico. Não passa pela cabeça do gestor que uma pessoa leve uma facada e não morra, porque planejado está o cemitério e, se o sujeito morrer, não há problema.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Com muita satisfação eu faço este aparte, nosso nobre Ver. Goulart. Da mesma forma que V. Ex.ª pensa que o Município não tem um planejamento estratégico para a saúde, eu gostaria de saber para onde está indo o CPMF do Governo Federal.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Nós temos que saber.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: Nós temos que saber, porque para cá é que não vem. Da mesma forma que o Governo Municipal tem 102 PSFs e quer chegar aos 200, nós pedimos que V. Ex.ª nos ajude a aportar recursos para poder resolver, de uma vez, a situação da saúde.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Seremos parceiros, porque eu sei da sua isenção, Ver. Oliboni, frente aos problemas da saúde.

O Ver. Paulo Brum diz que o Governo mandou 355 milhões de reais, e nós vamos atrás para saber, se é que vieram, onde é que estão. É por mês, Vereador.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Goulart cumprimento-o pela posição, mas eu não poderia deixar passar batido esse assunto. Um Vereador do Governo está criticando a CPMF. Eu acho que ele não está afinado com o candidato do seu Partido à Presidência, o Dr. Lula, que, até ontem, era contra e que agora é a favor da CPMF no seu programa de governo. Não está afinada essa Bancada na Câmara. Eu acho que não estão lendo as resoluções do Partido dos Trabalhadores em nível nacional, porque o Dr. Lula, hoje, é o defensor da CPMF e não diz nem onde vai colocar o dinheiro, mas é a favor dele.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: O Ver. Oliboni quer saber onde é que está o dinheiro. Eu fico contente, porque cada vez que me manifesto, todos os Vereadores dão aparte. Eu fico lisonjeado com isso.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Isso é pelo carinho que esta Casa tem por V. Ex.ª, pelo seu mérito profissional e pelo coração humano que V. Ex.ª tem. Vereador, eu pergunto a V. Ex.ª: será que, acontecido um fato como esse, se o trâmite estivesse dentro de uma normalidade, o homem não poderia estar curado, trabalhando para sustentar a sua família? O longo tempo acarreta custo maior para o caixa do Tesouro, ou da Prefeitura ou do Município, seja lá de onde for. Dentro de uma normalidade, esse rapaz estaria curado, trabalhando e dando sustento à sua família. Eu pergunto como é que funciona isso? Até quando vai essa situação?

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Eu estou irmanado com o seu ressentimento Vereador. Por isso tudo que V. Ex.as estão vendo, todo mundo se interessa, todo mundo fala, todo mundo tem uma dor, todo mundo tem uma constatação, todo mundo sabe que a saúde não funciona neste Município. É por isso que eu estou dando entrada a um Projeto, nesta Casa, que autoriza que, num momento de urgência, qualquer médico do SUS, já que o SUS não funciona tão bem como deveria funcionar, possa baixar um paciente que esteja em estado grave em um hospital privado, e que o gestor municipal veja como é que vai pagar isso.

Então, peço muita atenção com relação a esse Projeto, peço para que os meus Pares prestem muito atenção nele, porque nós precisamos aprová-lo por unanimidade. Devemos possibilitar que o médico, na encruzilhada de não saber como resolver o problema com o seu doente que está passando muito mal, possa, na falta de leitos do SUS, hospitalizar em hospitais privados. Por que eu me socorro disso? Porque os hospitais privados recebem muitas benesses por se dizerem beneficentes. Como vocês viram, em Tramandaí, eles cuidam da saúde pública, um pouco do SUS; em Viamão, em outros lugares. Eles fazem isso em outros lugares e não na sua Cidade, Vereadores João Antonio Dib e Pedro Américo Leal. Há que se reverter o benefício social para a sua Cidade e não para outras cidades. Já concluo, Sr. Presidente, me desculpe, estou emocionado e encerro agradecendo.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Compartilho com a sua emoção.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Encerrada a discussão de Pauta. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dois temas me trazem a essa tribuna. Primeiro, retomo aqui a questão do DMLU, envolvendo os contratos emergenciais com a Empresa CORES. O Diretor Darci Campani ainda não veio a esta Casa, mas há um Requerimento deste Vereador na mesa, que deve ser votado hoje, convidando-o para que aqui compareça. De certa forma, respondeu no jornal, confirmando aquilo que eu havia dito, desta tribuna, reiteradas vezes: a Empresa CORES encontra-se já no sexto mês de contratos emergenciais com a Prefeitura de Porto Alegre, recebendo, por esses contratos, 1 milhão de reais por mês para o recolhimento do lixo. Tudo isso em nome da transparência, em nome da boa condução administrativa de quem está no Governo há doze anos e deixa uma licitação desta envergadura vencer para, depois, lançar edital.

E, Presidente, Ver. Isaac Ainhorn, Ver. João Antonio Dib, é como se diz: “No andar da carruagem é que as abóboras vão-se acomodando”. Quando se vota a Lei de Diretrizes Orçamentárias, quando se vota a Lei do Orçamento, quando se vota a Lei da Previdência, eu vejo aqui neste Plenário um, dois, três, quatro Secretários com um séquito de servidores para defenderem as suas teses. Às vezes, chegam a atropelar Vereadores. Pois, agora, estamos convidando o Dr. Darci Campani, e ele corre do Plenário, como o diabo, da cruz. Aliás, ontem, eu o vi, na Câmara, em alguns gabinetes de Vereadores. Ele gosta de ir no gabinete de alguns Vereadores! Talvez esteja dando explicação pessoal. Mas a explicação não tem de ser pessoal, tem de ser no Plenário. Ontem, ele andava por aí, à tarde, em alguns gabinetes. Mas, então, quando a bancada governista quer aprovar um projeto, ela convoca o conjunto dos Secretários. Agora, quando um Vereador pede explicação ao Governo, fogem do Plenário, como o diabo, da cruz. Fogem, como o diabo, da cruz! Mas nós vamos continuar nesta caminhada. Nós vamos continuar, porque há uma fumaça muito grande nessa questão da Empresa CORES. É muita coincidência que esta empresa está prestando contrato há seis meses, emergencial. Quanto é que era o valor da tonelada antes da emergência? Quanto é o valor agora? Seis meses, para quem está no Governo há doze anos, e deixaram vencer o prazo para fazer a licitação? O povo quer resposta, o povo da rua pergunta. Por isso, a segunda questão, Sr. Presidente, tem que vir para o Plenário desta Casa, rapidamente: refiro-me à questão da CPI do DEMHAB. Para esta matéria o Governo está usando a procrastinação, não entregou os documentos a esta Casa. Protocolei, ontem à tarde, um pedido de certidões ao Presidente da CPI, porque a CPI só pode voltar a funcionar quando for certificado que os documentos foram entregues. Não adianta voltar a funcionar se estiver tudo “como dantes no quartel do Abrantes”; portanto, não vai funcionar. E aí, eu fui pesquisar a matéria, Sr. Presidente, e o Supremo já decidiu sobre isso várias vezes. Aliás, houve uma decisão belíssima, naquela CPI, envolvendo o Sr. César Arieta, onde o cidadão foi convocado para depor e disse que não ia depor, porque o prazo já havia findado. Pois belíssimo voto de Paulo Brossard clareou com muita tranqüilidade dizendo o seguinte: "Olha, se o Juiz está investigando um cidadão, se ele está perquirindo uma prova, vai ter, por um prazo, que suspender a produção daquela prova, porque o prazo disse que ele não pode ser mais investigado. Não seria o direito acima de tudo, Ver. Isaac Ainhorn, e sim o bom senso.

Portanto, essa matéria da CPI tem que vir a este Plenário, o Plenário não pode fugir a esse debate e, evidentemente, por quê? Quem não deve não teme. O Governo está aí ensaiando que vai à Justiça. Que bom que vai à Justiça, porque nós vamos mostrar à opinião pública: "Ah, vocês querem ir à Justiça, porque não querem que averigúem? Então nós vamos ver. Não há problema nenhum, que vá à Justiça, nós vamos defender a nossa tese. Mas, com toda certeza, a CPI do DEMHAB não vai terminar sem apurar, até para dizer ao governo, se efetivamente não há nenhuma incúria administrativa do DEMHAB, eu serei o primeiro a vir a esta tribuna e dizer que a fiscalização foi feita. Agora, se tiver a sociedade tem de saber. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, em acordo com algumas Lideranças que estavam presentes no Plenário, estamos sugerindo, como Requerimento, para análise na Ordem do Dia, o Requerimento nº 238/01; PLE nº 042/00; PELO nº 001/01; PLL nº 027/00; PLE nº 023/01; PELO nº 006/00; PLL nº 124/01; PLL nº 137/01; PLL nº 143/01; PLL nº 154/01; PLL nº 175/01; PLL nº 187/01; PLL nº 199/01; PR nº 045/01 e PR nº 030/01.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Sim, Vereador, V. Ex.ª deseja fazer uma alteração no Requerimento?

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sim, gostaria de fazer a seguinte alteração: PLE nº 042/00, PLL nº 027/00, Requerimento nº 238/01, PELO nº 001/01, PLE nº 023/01, PELO nº 006/00, PLL nº 124/01, PLL nº 137/01, PLL nº 143/01, PLL nº 154/01, PLL nº 175/01, PLL nº 187/01, PLL nº 199/01, PR nº 045/01, PR nº 030/01. Foi alterado.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Presidente, eu consulto se o Requerimento de minha autoria para a oitiva do Sr. Diretor do DMLU está nesse acordo ou não? Eu quero adendar essa Proposição.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Requerimento de V. Ex.ª é o de nº 246/01. Não está, então pergunto a V. Ex.ª: o Requerimento do Ver. Marcelo Danéris não contempla o seu Requerimento, então votamos, inicialmente, o Requerimento de autoria do Vereador... só se houver possibilidade da construção do acordo do Ver. Sebastião Melo com o Ver. Marcelo Danéris, não havendo, V. Ex.ª tem de apresentar um novo Requerimento. Há condições do acordo?

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Não há problema algum.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Nós colocaríamos o Requerimento nº 246/01 e, depois, o PLE nº 023/01.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Esse primeiro bloco de projetos e requerimentos são os que têm mais fôlego de discussão.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Há concordância do Ver. Sebastião Melo.

Aviso ao Plenário que o Requerimento que vamos votar, de autoria do Ver. Marcelo Danéris, vota-se, inicialmente, o PLE nº 042/00, PLL nº 027/00, o Requerimento nº 238/01, PELO nº 001/01, PLE nº 023/01, Requerimento nº 246/01, e depois segue-se a ordem já nominada: PELO nº 006/00, PLL nº 124/01, PLL nº 137/01, e assim por diante. Em votação (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com os votos contrários dos Vereadores Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Luiz Braz, Reginaldo Pujol, e a abstenção do Ver. Isaac Ainhorn.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3073/00 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/00, que institui Área Especial de Revitalização, para fins de otimização do seu aproveitamento e reinserção na estrutura urbana, sobre prédio localizado na esquina da Rua Laurindo com a Avenida João Pessoa.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto;

- da  CEFOR. Relator Ver. Carlos Alberto Garcia: pela aprovação do Projeto;

- da  CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 042/00. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É importante que os senhores e as senhoras que não tiveram acesso ao Projeto, e este Vereador foi Relator num determinado segmento, saberem que é um prédio que fica ao lado do Colégio Júlio de Castilhos, onde tem o Cartório - 8º Tabelionato - me ajuda o Ver. Adeli Sell. Quando eu fiquei de Relator, nós tivemos a oportunidade de reunir as pessoas que moram naquele prédio, bem como os debaixo, que possuem bares; e existe a possibilidade de ser restaurado aquele prédio. E isso alegrou, e muito, os moradores.

Por isso que o Partido Socialista Brasileiro encaminha favoravelmente à aprovação desse Projeto, porque aquela é uma obra que está parada há muitos anos e existe, de fato, a possibilidade de reconstruir essa obra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar o PLE nº 042/00.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Executivo Municipal encaminhou a esta Casa Projeto de Lei que institui área especial de revitalização sobre o Projeto localizado na Rua Laurindo nº18, esquina com a Av. João Pessoa, nos termos do art. 81, inc. II da Lei Complementar nº 434, para fins de otimização do seu aproveitamento e a sua reinserção na estrutura urbana. Com propriedade, o Ver. Carlos Alberto Garcia abordou e referiu, quando do exame por sua Comissão, uma audiência com os moradores daquele prédio localizado ao lado da Escola Estadual Júlio de Castilhos, e os moradores ficaram até satisfeitos. Esse Projeto de Lei procuraria resolver um problema de muitos anos de uma obra que se encontrava inacabada. Vejam que o prédio em tela, que teve o Projeto aprovado em 1978, previa originalmente a edificação de quatorze pavimentos, mais subsolos; mas apenas quatro foram concluídos. É importante salientar que mantido no estado em que se encontra, o prédio deprecia o conjunto urbanístico da área central. Os proprietários, com vistas à conclusão das obras e viabilização do empreendimento, apresentaram proposta de continuação das obras nos moldes do Projeto então aprovado em 22 de novembro de 1978. Ora, este Vereador foi Relator no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça, e achamos que a possibilidade de conclusão desta obra é uma medida positiva, restaurando, revitalizando um ponto que está ali, de um prédio inacabado.

Ver. João Antonio Dib, eu pergunto a V. Ex.ª, que já foi alcaide desta Cidade: por que este Projeto é específico a essa obra inacabada? Por que o Executivo, que tem os seus cadastros, os estudos de todos os prédios, dezenas de prédios inacabados - a presença do Ver. Estilac Xavier nesta Casa é muito positiva, eis que foi Secretário de Obras e conhece esta realidade - não toma algumas medidas, estimulando nesta Cidade a conclusão desses prédios?

Eu me atrevo a dizer que há centenas de prédios inacabados e gostariam de ter uma lei igual a essa do prédio específico da Rua Laurindo com Av. João Pessoa. É isso, Ver. Adeli Sell. Vejam, V. Ex.as, por que só este prédio? Eu gostaria de ver essa iniciativa extensiva a todos os prédios inacabados desta Cidade. Deveria ser uma lei geral, uma lei abstrata dirigida a todos àqueles que têm prédios inacabados na Cidade de Porto Alegre e que tivessem um prazo para a sua regularização.

Inclusive, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, deveriam criar alguns estímulos para que isso possa, efetivamente, ocorrer. E enquanto tal não ocorre - e eu não conheço as razões que levaram - até porque não há o processo administrativo junto aos autos, o que talvez poderia ter sido uma provocação da parte interessada ao Poder Público Municipal, que levou o Executivo a construir esse Projeto, que é justo, é correto - não tenho o processo administrativo em mãos, neste momento, não consta que me pudesse instruir.

Agora, Vereador, V. Ex.ª que é um Vereador de prestígio - já encerro, Sr. Presidente -, V. Ex.ª que é um homem do Governo, certamente de prestígio junto ao Prefeito da Cidade, V. Ex.ª pense em levar uma idéia dessa ao Sr. Prefeito, ou para que construíssemos, com o conjunto da Casa, uma idéia de promover a revitalização de todo o conjunto da Cidade. Muito obrigado, Ver. Fernando Záchia pela tolerância que teve em permitir que eu concluísse. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o PLE nº 042/00.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu entendo que não seria necessário o encaminhamento, mas dado que o Ver. Isaac Ainhorn levantou um questionamento e se dirigiu a este Vereador, devo dizer que era Secretário de Obras quando esse Projeto foi aprovado, mas também não é o primeiro caso que aqui ocorre. Na Legislatura passada nós votamos, num determinado momento, três prédios em condições semelhantes na área central. Um deles, eu lembro, era a Galeria Pio XII. Portanto, nada há para discutir e o Ver. Isaac Ainhorn, no seu Parecer, na Comissão de Justiça, foi brilhante. Eu, portanto, encaminho favoravelmente à aprovação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar o PLE nº 042/00.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam o seguinte: estamos discutindo a instituição de área especial de revitalização para fins de otimização do seu aproveitamento e reinserção na estrutura urbana: o prédio localizado na esquina da Rua Laurindo com a Av. João Pessoa, ao lado do Julinho, onde funciona o 8º Tabelionato. Na Comissão de Constituição e Justiça da Legislatura passada, o nobre Ver. Cláudio Sebenelo deu parecer favorável. Nesta Legislatura, o relator da Comissão de Constituição e Justiça é o Ver. Isaac Ainhorn, que me precedeu, aqui, na tribuna. Se o problema fosse ter a necessidade de um processo administrativo, muito simples: o Ver. Isaac Ainhorn, senhores telespectadores, minhas senhoras e meus senhores que estão aqui no Plenário, poderia ter pedido vista, ou poderia ter feito, inclusive, procedimento junto ao Executivo. O Vereador fez militância estudantil ali do lado, conhece a região, sabe que é importante que esse prédio seja reinserido ali como processo de revitalização. Então, o Vereador dá um parecer favorável, e inclusive diz que a proposição atende ao disposto no inciso II do art. 81 da Lei Complementar nº 434 de 1º de dezembro de 1999, ou seja, o Plano Diretor. Então, está tudo bem. Eu não entendi a intervenção do Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Faltou alcance.

 

O SR. ADELI SELL: Ah, faltou alcance ao Ver. Adeli Sell. Claro, a minha miopia me prejudica, sem dúvida nenhuma, no entendimento dessas questões. Mas o Ver. João Antonio Dib lembrou há pouco, inclusive, que nós fizemos três Projetos específicos, para três prédios diferenciados: o da OSPA, na Independência, o da Galeria Pio XII, no Centro da Cidade e o da Galeria XV de novembro. Por quê? São questões específicas, o Poder Público indica exatamente o que se pode e o que não se pode fazer.

Estou ouvindo o Ver. Isaac Ainhorn falando em altos brados pelo Plenário enquanto estou fazendo o encaminhamento, mas eu o ouvi atentamente, e por isso estou aqui para fazer o debate; mas o Vereador não quer ouvir, o Vereador veio aqui para fazer disputa, como quer fazer disputa sobre o IPTU. No entanto, nós temos que verificar exatamente o que diz o Projeto. É um Projeto necessário. Se nós quisermos discutir medidas para revitalização geral de prédios inacabados, eu proponho que procurem o Ver. Raul Carrion, que é o Presidente da Comissão de Urbanismo, Transporte e Habitação da Cidade, que é o foro adequado para, inclusive, iniciar esse processo de debate.

Estou disposto a um bom debate. O Ver. Sebastião Melo, que é Vice-Presidente da CUTHAB, pode chamar, de comum acordo com o Ver. Raul Carrion, este debate na CUTHAB. Sem dúvida nenhuma, este Vereador, preocupado com a revitalização, principalmente do Centro da Cidade e de lugares que nós sabemos que tem qualquer cidade do mundo, hoje, pela força da economia a deslocamentos de regiões tradicionais - é o caso ali, por exemplo, da João Pessoa -, porque nós vimos a economia se deslocando para o Iguatemi, a economia se deslocando para outros lugares da Cidade, e alguns lugares ficam, evidentemente, depreciados. Quem conhece São Paulo sabe muito bem, por exemplo, que a Mooca - bairro tradicional de São Paulo – sofreu um processo de degradação, e foi necessário um processo do Poder Público, inclusive um dos maiores exemplos é o Moinho, que era um espaço degradado e que foi recuperado para a Cidade de São Paulo, e especialmente para o Bairro da Mooca.

Nós queremos encaminhar favoravelmente e pedimos que as Bancadas votem favoravelmente. Eu diria, inclusive - se fosse a minha opinião, única, pessoal -, que deveria prevalecer em vez de cinco anos apenas três anos, porque acho que os empreendedores têm de se adaptar a maior ligeireza nos projetos da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o PLE nº 042/00. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 0543/00 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 027/00, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que dispõe sobre o aproveitamento de sobras de alimentos próprios para o consumo humano. Com Emendas nºs 01 e 02.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto;

- da  CEDECONDH. Relator Ver. Almerindo Filho: pela aprovação do Projeto;

- da  COSMAM. Relator Ver. Beto Moesch: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- discutiram a matéria, em 22/10/01, os Vereadores A.Hohlfeldt, I.Ainhorn, P.A.Leal (cedeu para I.Ainhorn), H.Bonumá e E.Besson;

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em discussão o PLL nº 027/00, de autoria do Ver. Fernando Záchia. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu inicio a discussão dessa proposta, Ver. João Antonio Dib, com a vênia do Presidente da Casa, no período desta discussão, para comunicar que o Município de Porto Alegre possui, a partir de hoje, a CRP, que é a sua legitimidade por possuir um regime próprio de Previdência Social.

Discutimos aqui a iniciativa do Ver. Fernando Záchia, que, positivamente vemos, mas queremos chamar a atenção para uma série de questionamentos aqui colocados. Há, além da proposta do Ver. Fernando Záchia, duas Emendas: uma de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão junto com o Ver. Fernando Záchia, e a outra da mesma forma... Estão sendo retiradas as Emendas, me comunica o Ver. Fernando Záchia. Na verdade, esse processo carece de alguns requisitos, dos quais a Bancada do Partido dos Trabalhadores, considerando a importância da matéria, está abrindo mão.

Vejam bem, está sendo criado um programa, uma estrutura no Poder Executivo. Há aí claramente um vício de iniciativa, no sentido de ferir o art. 94, inciso IV, da Lei Orgânica do Município. De outra forma, o art. 56 da Lei de Responsabilidade Fiscal exige, Ver. João Antonio Dib - V. Ex.ª que tem sido tão zeloso -, que quando se crie despesa, que quando se crie uma estrutura, haja repercussão financeira. Como aqui, com a própria anuência da Bancada do Partido dos Trabalhadores, está sendo conspurcada uma competência que é do Poder Executivo, deveria haver no processo a repercussão financeira, o que na verdade não consta. Mas isso, talvez, possa ser superado através de alguma iniciativa do Poder Executivo. Não é um assunto de fácil resolução.

Senão, vejamos, Ver. Raul Carrion, um alimento, para que não se deteriore – e nós estamos tratando aqui de coleta, armazenamento e distribuição, de acordo com a legislação em vigor -, para que o processo de reprodução das bactérias não inutilize o alimento, ele tem que estar a uma temperatura abaixo de sete graus, ou superior a sessenta graus. Portanto, teremos de ter uma estrutura na coleta, e principalmente no transporte, que observe esses requisitos técnicos, porque é vedado colocar em risco a saúde da população.

Tivemos recentemente, numa cozinha industrial - e não vou citar a empresa -, um processo de intoxicação de mais de duzentas pessoas, que se intoxicaram, tendo em vista que o processo de reprodução das bactérias inviabilizava o consumo do alimento, e ele foi servido nessa cozinha industrial.

Portanto, estamos aqui considerando a alta complexidade desta matéria, considerando o aspecto de que está-se criando uma estrutura muito grande, ou seja, envolve coleta, envolve armazenamento, e isso exigirá investimentos, com certeza, de alto custo, e também, o que é mais importante, a distribuição, Ver. João Antonio Dib, que conversava sobre um assunto de trabalho quando eu falava na temperatura em que os alimentos devem estar conservados, que é a menos de sete graus, ou superior a sessenta graus. E isto vai exigir uma estrutura, por certo, significativa do Poder Público, porque na busca de levar à população carente alimentos que não tenham ainda sido servidos, porque não estamos falando de sobras, temos de fazer com que esses alimentos cheguem de forma íntegra à mesa de populações com alto grau de dificuldades, porque são populações pobres, são crianças e são idosos.

Neste sentido, a Bancada do Partido dos Trabalhadores vai protocolar, em breves momentos, duas emendas, que buscam fazer com que óbices quase intransponíveis - e só a sensibilidade da Bancada do Partido dos Trabalhadores está possibilitando a votação da proposta - sejam superados, e a proposta, com as emendas, possa, enfim, ser aprovado por esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Apregoamos as Emendas nº 03 e nº 04, ambas de autoria do Ver. Estilac Xavier, apostas ao PLL nº 027/00. (Lê.)

Essas Emendas serão distribuídas às Sr.as Vereadoras e aos Srs. Vereadores neste instante.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, ouvindo o meu amigo Ver. Juarez Pinheiro em sua manifestação na tribuna, tive a impressão primeira de que o Ver. Juarez Pinheiro estava fazendo um forte ataque à administração pública do Município. Isso até me assustou, porque eu ouvi o Ver. Juarez Pinheiro dizer da absoluta falta de fiscalização que existe no setor, que coloca em risco, muitas e muitas vezes, a população da Cidade. Eu penso que isso não pode impedir que o programa formulado nesse Projeto pelo Ver. Fernando Záchia possa ser implementado.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Braz, quero-lhe dizer que houve apenas um caso, neste ano em Porto Alegre, de intoxicação em razão da qualidade dos alimentos. Aconteceu no restaurante Rei do Camarão, na semana passada, um único caso, chamando a atenção da qualidade da nossa Vigilância Sanitária. Eu não disse exatamente o que V. Ex.ª inferiu.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Ver. Juarez Pinheiro citou esse caso que chegou ao conhecimento do público e que evidencia uma falta de fiscalização, problemas na fiscalização e esse problema precisa ser resolvido. Todos nós, aqui, nesta Casa, representantes desta sociedade porto-alegrense, somos favoráveis a que esse programa possa ser implementado. Mas todos nós, aqui nesta Casa, queremos que os órgãos responsáveis pela implantação deste programa tomem os cuidados necessários a fim de que, resolvendo um problema, não criem outro problema.

Então, existe uma necessidade de aprovarmos o programa? Sim, é uma belíssima idéia do Ver. Fernando Záchia propor a criação desse programa, desse aproveitamento daquilo que são as sobras dos restaurantes, daquilo que não vai para a mesa, que não é consumido pelos freqüentadores dessas casas, mas que possa ser avaliado como um bom alimento para ser distribuído ou redistribuído para aquelas pessoas que têm fome, num programa que tem de ser muito bem gerenciado pela Prefeitura Municipal.

Ora, se a Prefeitura Municipal for tão relapsa na fiscalização desse programa, como vem acontecendo até aqui, aí, aquela vontade, aquele desejo do Ver. Fernando Záchia, manifestado quando formulou este Projeto, pode realmente vir a não se concretizar. Mas não porque o Projeto é ruim. O Projeto é muito bom. O Ver. Fernando Záchia faz o seu Projeto nos limites que nós Vereadores podemos aqui legislar. Ele propõe um programa para a Prefeitura Municipal, um programa para o Município e, dentro desse programa, que o Município possa então implantar o serviço para fazer com que este aproveitamento das sobras possa servir para aquelas pessoas que realmente têm fome.

Agora, qualquer falha que acontecer, qualquer produto, qualquer alimento que for deteriorado para a mesa de qualquer pessoa, a responsabilidade é da Prefeitura Municipal, é da fiscalização da Prefeitura, que não trabalhou o suficiente para fazer com que um programa tão bom, como este proposto pelo Ver. Fernando Záchia, pudesse realmente surtir os efeitos necessários.

Então, somos absolutamente favoráveis ao Projeto. Acho que o Ver. Fernando Záchia, ao admitir a retirada de algumas Emendas, está deixando para que a Prefeitura, o Prefeito, através de uma regulamentação, possa propor todos os instrumentos necessários, a fim de que este programa possa ser implementado com sucesso.

Mas fica aqui a nossa recomendação: a Prefeitura Municipal tem que trabalhar. A Prefeitura Municipal não pode continuar sendo relapsa, a fiscalização do Município tem que ser feita com eficiência, porque, senão, não há programa no mundo que possa dar resultado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Luiz Fernando Záchia, que solicita a retirada de tramitação das Emendas nº 01 e nº 02 ao PLL nº 027/00. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Estilac Xavier, que solicita a dispensa do envio às Comissões da Emenda nº 03 e nº 04 ao PLL nº 027/00. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto do Ver. Luiz Fernando Záchia que “dispõe sobre o aproveitamento de sobras de alimentos próprios para o consumo humano” já teve uma discussão, não como forma de Projeto de Lei, mas, em 1998, eu acredito, o Ver. Antonio Hohlfeldt entrou com uma Emenda, no Código de Saúde, propondo exatamente isso. Lembro-me que foi aprovado, foi vetado, e depois esta Casa derrubou o Veto. Esse Projeto tem uma grande relevância social; sabemos que, num País como o nosso, em desenvolvimento, em que milhares e milhares de pessoas, quase cinqüenta milhões de brasileiros, vivem em miséria absoluta, tendo as suas dificuldade de alimentação, esse Projeto vem numa hora em que pode proporcionar a um segmento da população mais carente a oportunidade de receber alimento. Foi muito bem colocado por alguns Vereadores que me antecederam na tribuna. Primeiro, os aspectos a serem considerados, o aspecto da coleta, de como será coletado esse alimento. Entraram com uma emenda, onde coloca-se a questão de que são alimentos não-servidos ou sobras. É um preciosismo, uma questão redacional importante para que a população saiba que não são restos de comida; são alimentos que não foram tocados. Por isso, popularmente, chamam-se de sobras, mas são alimentos não-servidos, tendo o cuidado na coleta, a forma como esse material será armazenado - e normalmente isso é feito com um caminhão frigorífico, por causa das temperaturas exigentes – e, depois, haverá o período de distribuição.

Aqui vai uma modesta contribuição, uma sugestão para o Executivo, que poderá implementar esse Projeto como um projeto-piloto, pegando algumas comunidades que poderiam começar a ampliar o Projeto. Outra sugestão é que as regiões, as camadas mais populares em determinadas localidades de alguns restaurantes poderiam também receber esses alimentos.

Lembro-me que, na época, em 1998, fizemos uma discussão aqui na Casa e este Vereador votou favorável e, por isso, votará novamente favorável, e tivemos uma discussão com profissionais da área da nutrição, que referiram ser simpáticos ao Projeto. E só nos alertaram para esses cuidados, principalmente os cuidados com a carne, porque ela se deteriora muito rápido e pode promover algumas intoxicações alimentares. Temos certeza de que esse cuidado, até porque a Vigilância Sanitária faz uma série de exigências... Mas o que eu entendo é que o Projeto é altamente meritório, vai contemplar e ajudar para que uma pequena população da Cidade possa receber alimentos. E por isso, em nome do Partido Socialista Brasileiro, queremos, mais uma vez, saudar o Vereador pela iniciativa e dizer que uma Emenda, em 1998, já havia sido apresentada nesta Casa e foi aprovada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu considero este Projeto do Presidente Fernando Záchia de grande magnitude, porque ele vem ao encontro da intenção de matar a fome de milhares de nossos irmãos desta Cidade. Nós precisamos fazer uma reflexão mais profunda, quando eu vejo alguns Vereadores irem contra esse Projeto. É verdade ou não é verdade, Sr. Presidente, que crianças e adultos deste Município, muitas vezes, ou quase que diariamente, recolhem comida nos lixões desta Cidade? Eu estou falando alguma besteira, Ver. Luiz Braz? Então, em uma cidade em que uma entre três famílias vive quase que em estado de miséria, onde muitas dessas famílias vão recolher a comida nos lixões, o Poder Público Municipal nada faz para impedi-los. No entanto, esse mesmo Poder Público que nada faz é o mesmo Poder Público que diz que as sobras de comida de restaurantes - e aqui há uma matéria bastante aprofundada, dizendo que em torno de 24% dos bufês são sobras e, nos restaurantes a la carte, 10% - assim, eu diria que este Projeto tem uma profundidade social muito grande.

 

A Sr.ª Sofia Cavedon: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas quero contrapor e dizer que não há mais lixões em Porto Alegre. O último lixão foi fechado logo no início da primeira Administração Popular, e existia mesmo na Zona Norte, mas transformou-se em um aterro sanitário, sem cheiro, urbanizado e organizado, e não há mais essa prática em Porto Alegre de se fazer lixão e as famílias viverem em cima do lixo. Mas tenho de concordar com V. Ex.ª que a miséria é muito grande, que muitas pessoas ainda vivem de sobras e que precisamos mudar, portanto, a política econômica deste País para resolver isso.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Pois eu quero contestar V. Ex.ª veementemente. Aliás, eu convido V. Ex.ª para sairmos deste Plenário agora e pegarmos um carro da Câmara. Vou levá-la em cinco lixões desta Cidade. E, se for mentira o que estou dizendo, eu renuncio ao meu mandato. Nós vamos começar lá pelo Mato Sampaio, em frente a um colégio, em um terreno da ULBRA, onde há até animais mortos diariamente. Ver. João Carlos Nedel, V. Ex.ª, que já foi lá várias vezes, pode ser testemunha neste Plenário. Podemos ir para a Zona Sul; podemos ir para a Zona Norte.

 

(Aparte anti-regimental da Ver.ª Sofia Cavedon dizendo que o Vereador teria de renunciar.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Os lixões não são oficializados pela Prefeitura, mas eles existem. Eu saio com V. Ex.ª agora para irmos nos lixões. Então, vamos devagar com o andor, porque o santo é de barro. V. Ex.ª está falando de uma coisa que não é verdade.

Mas quero retomar o Projeto do recolhimento dos alimentos. Eu quero dizer que ele é de uma magnitude extraordinária, porque trata-se de comidas intocadas que voltam para a cozinha, e seria bom que houvesse um sistema de parceria do Poder Público fiscalizatório com a Secretaria da Saúde para o recolhimento desses alimentos. Logo em seguida, um caminhão, devidamente refrigerado, recolherá esses alimentos para doar para instituições devidamente credenciadas. O Projeto é de grande alcance.

Aliás, vou dizer mais, no ano de 1978, trabalhei na CEASA durante quase um ano, portanto, tenho a experiência de quem passou durante quase um ano, nas madrugadas, como carregador daquela entidade, e, desde aquela época, eu vejo, como um grande desafio, que os governos, infelizmente, não têm tido essa sensibilidade. No Governo de Pedro Simon, criou-se o alimento para o povo que foi uma experiência boa. Agora, o Governo do Estado, pelo menos na propaganda, na qual eles são craque, está dizendo que está fazendo algum aproveitamento das sobras da CEASA. E eu faço esse link para dizer que não é menos importante. A fome é um desafio da humanidade. Eu acho que esse é um gesto, Ver.ª Maristela Maffei, pequeno, mas é um gesto que se soma a uma série de atitudes que todos nós e o Poder Público, fundamentalmente, podemos fazer para amenizar tanta miséria no nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, esta Casa já teve um grande avanço sobre a questão da vigilância sanitária; apesar de toda a polêmica que tivemos aqui, conseguimos aprovar. A Cidade de Porto Alegre, hoje, tem um prédio adequado para estrutura necessária que uma cidade deve ter.

Trouxe algumas fotos do trabalho que esses bravos funcionários públicos, da área sanitária, desenvolvem. Gostaria que fosse focalizada pela TV Câmara. Esta foto mostra uma câmara fria em Porto Alegre onde a Vigilância Sanitária autuou e, com certeza, é um local que está interditado. Essa outra foto mostra uma padaria, um estabelecimento comercial. Esses são alguns dos serviços que as pessoas que trabalham na área da saúde fazem, no cotidiano da sua vida, com muita dignidade.

Porto Alegre, há pouco tempo, foi notícia, no Globo Repórter, durante quinze minutos, como a única cidade do Brasil a diminuir, radicalmente, o surto da salmonela por controlar o comércio de ovos. E assim há vários exemplos. Nós tivemos agora, como foi colocado pelo Ver. Juarez Pinheiro, a interdição do restaurante O Rei dos Camarões, em Porto Alegre, por problemas sérios de contaminação. Isso não foi divulgado nos jornais. Já que nós temos um canal de televisão, tem de ser dito e denunciado e não ficar só para as Secretarias. A população tem de saber o que esse pessoal está desenvolvendo junto à população de Porto Alegre.

Mas eu quero também colocar uma questão importante que foi dita no Seminário de Abastecimento e Segurança Alimentar, em abril, nesta Casa, pelo Sr. Francisco Menezes, que atuou muito tempo e atua ainda na segurança alimentar, junto com o Betinho. Ele colocava que, em pesquisa realizada há pouco tempo, uma das grandes surpresas ainda é o senso comum - e, às vezes, até por ignorância do tema, nós não podemos exigir que os próprios parlamentares e a sociedade tenham apropriação dos devidos assuntos, porque eu mesma estou aprendendo muito com esses debates – a respeito do desperdício; essa é uma questão séria, precisa ser enfrentada. Para um dos entrevistados disseram: “Mas se jogam tanta comida no lixo, poderíamos utilizar essa comida, destinando-a para acabar com a fome no País”. E aí o Chico diz o seguinte: “Eu penso que nesse tema nós devemos ter muito cuidado, nós devemos nos preocupar com esse tipo de afirmação, na realidade não pretendemos e não devemos pretender resolver as carências alimentares mais graves com a comida que se joga no lixo, é preciso saber que muito da comida que se joga no lixo deveria ser aproveitada, mas, provavelmente, para os suínos, não apenas para os pobres.” E nesse aspecto coloca uma outra reflexão necessária: pretende trabalhar, radicalmente, na questão da segurança alimentar, sobre o aspecto da desnutrição e sobre o aspecto do desperdício, ou seja, temos de enfrentar o desperdício, mas não com esse objetivo e com essa ilusão, inclusive, de que acabando-se com o desperdício, se acaba com o problema da fome e da desnutrição no País. Nesses problemas há uma questão maior, que foi falada aqui, que é a incapacidade de acesso ao alimento, seja porque aqueles que poderiam ter direto acesso aos alimentos, produzindo os seus próprios alimentos, perderam as suas terras... Não se realiza neste País uma reforma agrária efetiva e não se consegue recuperar a capacidade de produção e de acesso aos bens produtivos. Esse é o cerne da questão.

Este Projeto nós estamos levando muito a sério, porque não podemos confundir o ser humano, apenas o empobrecido, para que ele vá se alimentar com o lixo da nossa Cidade. Nós temos de nos preocupar com a alimentação e com a qualidade. E também temos de nos preocupar com os políticos deste País: a sociedade tem de estabelecer e apoiar os movimentos, como os dos sem-terra, para uma reforma agrária justa. Nós, de qualquer sorte, com as preocupações e as ressalvas necessárias, estamos apoiando este Projeto, juntamente com as Emendas que foram encaminhadas pela Bancada do Partido dos Trabalhadores. Apoiamos e consideramos meritório. Muito obrigada.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acabamos de ouvir a teoria, o discurso, a demagogia. Agora, vamos aos fatos concretos, vamos ao processo, vamos ao que interessa na prática. Aprendi com o grande escritor Érico Veríssimo, no livro O Tempo e o Vento, traduzido em mais de cento e cinqüenta países, “que é preferível um toco de vela do que a escuridão total”. Portanto, somos inteiramente a favor do Projeto do nobre Ver. Fernando Záchia, que instrui o processo com inúmeros artigos e comentários de jornais, onde há um que diz: “Sobras alimentam cães.” Então, é preferível, no discurso da teoria, no discurso da demagogia, no discurso da salvação das crianças de rua... E, hoje, mesmo, nas sinaleiras estavam crianças de rua; eu percorri a Cidade. Então, entre o discurso, entre a teoria, entre a demagogia, existe a prática, a realidade e a fome. Aqui está no processo demonstrando a teoria, a demagogia, o discurso, uma rejeição ao Projeto de lavra do Ver. Guilherme Barbosa. Coincidentemente é do PT. Só coincidência!

Por coincidência, também, há um parecer favorável, na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, do Ver. Nereu D’Avila. Coincidência, também, coincidência, nada ideológico, nada a ver com teoria, nada a ver com o discurso. Até para ver que há pessoas que gostam de “chover no molhado”, no art. 2.º do Projeto de Lei diz que “a coordenação e o gerenciamento do Programa” - porque este Projeto cria um Programa Municipal de Coleta, Armazenamento e Distribuição de Sobras de Alimentos, Aproveitáveis para o Consumo Humano - “ficam a cargo do Executivo Municipal.” Há uma Emenda aqui que muda o art. 2º para dizer o seguinte: “As etapas, formas de execução e fases de desenvolvimento do Programa estabelecido no art. 1º ficam a cargo do Poder Executivo.” Ou seja, repete o art. 2º com outras palavras. Também com aquela característica e aquele timbre característico do PT, que gosta das palavras mais difíceis. Outro dia, discutindo, num programa de televisão, a respeito de matar cachorros ou cães vadios, perdidos na Cidade, e o representante do PT diz que não, que de maneira nenhuma deveriam se matar cães, que eles eram submetidos à eutanásia. Outra Emenda, de nº 3, da Liderança do PT, dispõe sobre o aproveitamento dizendo o seguinte: “Substituindo a expressão ‘sobras de alimentos’ pela expressão alimentos ‘não-servidos’”, esta até que passa, tudo bem. Mas, na verdade, o que importa aqui é o fundo, é o objeto, a única preocupação que talvez devêssemos ter é que, por vezes, inadvertidamente ou de má-fé, alguns restaurantes ou bares servem comida, principalmente carne deteriorada, e não há uma fiscalização efetiva da parte sanitária. Até diria que isso, às vezes, não seja de má-fé, mas acontece. Então, há que se ter, neste Projeto, um cuidado com esta questão. Porque, se já é sobra de alimento e se ainda estiver deteriorado, aí é preferível que não se dê nem aos pobres nem aos animais; porque, deteriorado, não serve. Mas essa é uma questão da regulamentação da lei, que eu espero que seja consentânea com o espírito altamente humanitário do Projeto. Porque não é justo, porque aqueles que freqüentam restaurantes - antigamente isso não era usado e agora é, graças a Deus que assim o seja -, aqueles que vão a restaurantes bons ou ótimos, com quatro ou três estrelas, podem pedir que o alimento seja acondicionado e o levam para casa quando esse sobra na sua mesa. Antigamente, isso não era usado ou não era permitido, mas agora pode.

Evidentemente que é para não desperdiçar o alimento que sobra nas mesas e evitar que os restaurantes o joguem fora, pois o contrário não é justo nessa crise que estamos vivendo.

Dentro da crise em que estamos vivendo, o Projeto é absolutamente pertinente. A regulamentação fica a critério do Poder Executivo e a fiscalização deve ser rigorosa.

Nós, da Bancada do PDT, por óbvio, por evidência votaremos favorável ao Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto de autoria do Ver. Fernando Záchia, que tramita nesta Casa há anos, promoveu amplo debate na sociedade. Nós debatemos isso, inclusive, na ADCE, Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas, da qual o nosso grande amigo Eduardo Albrecht Dias coordena o “Banco de Alimentos”, onde várias instituições buscam justamente adotar o que o Ver. Fernando Záchia está procurando fazer com que esta Câmara e o Executivo promovam de forma institucionalizadamente pública. Portanto, não é uma inovação, não é uma novidade do que já estamos tentando fazer por meio de organizações não-governamentais.

Este é o primeiro ponto importante: temos de regulamentar algo que já vem sendo feito. O segundo ponto importante que quero acrescentar aqui e debatia isso com o Ver. Raul Carrion e sua assessoria: Código Municipal de Saúde, Lei Complementar nº 395, art. 36. “Lei Ordinária” - vejam que o Código de Saúde é uma Lei Complementar que estabelece -: “regulará a criação e institucionalização de sistema que preveja coleta, seleção, reciclagem, tratamento e distribuição de alimentos de restaurantes e entidades similares em prol de crianças e idosos desnutridos, vinculados a creches, escolas, asilos e associações variadas da comunidade.”

Portanto, segundo ponto aqui importante: Ver. Fernando Záchia regulamenta algo já estabelecido por Lei Complementar. Esse é o segundo ponto importante. O primeiro: havia já sido falado esse trabalho do “Banco de Alimentos”, já institucionalizado por organizações não-governamentais. Já está em prática, já está em andamento.

Aí, recebo do Ver. Humberto Goulart um parecer da Secretaria Municipal de Saúde, Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde, Equipe de Alimentos, entidade essa que a Comissão de Saúde e Meio Ambiente ajudou a aprovar o Projeto de Lei a respeito do prédio para que eles pudessem funcionar, que estabelece a importância do Projeto de Lei do Ver. Fernando Záchia, mas faz algumas ressalvas como: “Quem definirá e quais serão os critérios para o cadastro de doadores e receptores? Como se dará e de quem será a responsabilidade pela coleta, acondicionamento, transporte, recepção e distribuição de alimentos? Quem será o responsável pelo controle de qualidade dos alimentos?” E assim por diante. Ora, isso será regulamentado por decreto ou por outra lei. O Ver. Fernando Záchia, por ser do Legislativo, não pode estabelecer quem fará isso. Pode até ser o Executivo, que, com certeza, no mínimo, terá que supervisionar porque cabe ao Poder Público a saúde pública, o zelo pela saúde pública, pela higiene, portanto, claro, que o Poder Público terá, que, no mínimo, supervisionar isso. Mas as perguntas feitas pela Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde já estão respondidas pelo próprio Projeto de Lei. O autor, Ver. Fernando Záchia, diz que isso será regulamentado, obviamente, pelo Poder Executivo. Portanto, não há problema nenhum. Nós temos que, o mais rapidamente possível - porque este Projeto já está em tramitação há anos, já está-se fazendo isso na prática por organizações não-governamentais, já está estabelecido pelo Código Municipal de Saúde, que é de 1997, nós não podemos mais perder tempo -, aprovar logo este Projeto de Lei.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Beto Moesch, já que V. Ex.ª trabalha com conceitos, dizer que o Ver. Nereu D’Avila falou aqui em sobras de alimentos já servidos... Isso é absolutamente vedado pela legislação, V. Ex.ª sabe disso e é uma ignorância do Vereador nessa matéria. Portanto, acho que o Vereador deveria estudar um pouco mais para dizer o que disse aqui. Quem fez demagogia foi ele. Muito obrigado.

 

O SR. BETO MOESCH: Então, só para concluir Sr. Presidente, a Lei Estadual nº 11.621 dispõe sobre a criação do Programa de Aproveitamento de Alimentos Não-Consumidos e dá outras providências. Portanto o Ver. Fernando Záchia também procura regulamentar lei estadual já existente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, aqueles que nos assistem aqui e nas suas casas, vamos fazer um encaminhamento, em nome da Bancada do PC do B, favorável a este Projeto e às Emendas nº 03 e 04, mas gostaríamos de fazer algumas ponderações. Primeiro, o contexto em que nós vamos votar este Projeto, que faz a Bancada do PC do B votar favoravelmente, é um contexto de enorme crescimento da miséria do nosso País, um quadro de exclusão social crescente, um quadro de desemprego crescente.

Os últimos dados do IBGE nos dão conta de que cinqüenta milhões de pessoas vivem abaixo da linha da miséria. Nós devemos ter em torno de dez milhões de desempregados neste País. Isso se dá no Brasil e em todo o mundo, num grande contraste. No momento em que a tecnologia, a serviço da sociedade, permitiria alimentar, de forma digna, todos os bilhões de pessoas que habitam o mundo e os cento e sessenta milhões que habitam o Brasil, nós vemos, Ver. Almerindo Filho, exatamente o crescimento da miséria.

Estamos às vésperas, Ver.ª Helena Bonumá, dizem, da maior safra do Brasil, de 100 milhões de toneladas, e estamos discutindo que seja preciso utilizar alimentos não-servidos, mas já cozidos para entregar para as pessoas famintas deste País. É sobre essa grande contradição que nós temos que refletir, e quem nos escuta tem de pensar que país é esse que colhe a maior safra de grãos, onde a tecnologia permitiria alimentar a todos, ter uma vida digna para todos, e a Câmara Municipal de Porto Alegre precisa se debruçar sobre um Projeto que coloca a questão da entrega de alimentos de bares e restaurantes e etc.

Mas, de toda a forma, o quadro é este: temos que transformar essa realidade para um novo rumo para o Brasil, acabar com esse projeto neoliberal, fazer a reforma agrária, distribuir renda, crescer o desenvolvimento nacional, para dar emprego, reduzir a jornada. Isso é o central.

Mas isso, hoje, precisa ser enfrentado e, nesse sentido, nos parece que o Projeto do Ver. Fernando Záchia é meritório, com as modificações, principalmente aquela que deixa claro que não estamos legislando sobre sobras, no sentido de restos de comida, mas no sentido de alimentos não-servidos, o que significa aqueles alimentos que foram colocados nos bufês e não foram servidos ou que foram cozinhados nos restaurantes, ficaram na cozinha e não foram aproveitados. Mesmo esses alimentos, o seu aproveitamento é difícil, é complexo, como vamos armazenar? Como vamos transportar? Como vamos acondicionar? Como vamos servir? Mas é possível, e o que nós vemos são pessoas, muitas vezes, tangidas pela miséria, buscando nas latas de lixo, buscando nos pacotes fechados, que as pessoas colocam nas ruas, no fim do dia, para coleta.

Então, pensamos que é bom, com os cuidados que certamente a Prefeitura Municipal de Porto Alegre terá - pois será ela que vai gerir esse programa; talvez, em outra situação, em outra circunstância, e se não fosse o Município de Porto Alegre, que tem um Serviço de Vigilância em Saúde tão eficaz, tão cuidadoso, a nossa Bancada votaria contra. Mas, como confiamos no Serviço de Vigilância em Saúde do Município, vemos essa situação de miséria que se estende em todo o País e no Município de Porto Alegre, e como sabemos ser a intenção do Ver. Fernando Záchia correta, positiva, no sentido de enfrentar esse problema, nós votaremos favoravelmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. José Fortunati está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu queria, em primeiro lugar, elogiar a iniciativa do Ver. Fernando Záchia, nosso digníssimo Presidente, porque, sem dúvida nenhuma, toca numa questão absolutamente pertinente, importante e, ao mesmo tempo, complexa da nossa sociedade.

Infelizmente, sabemos que a sociedade brasileira, como as demais, produz alimentos e grande parte deles não chega à mesa dos consumidores, são desperdiçados e, infelizmente, temos, entre nós, milhões de pessoas que não têm uma alimentação adequada.

Os últimos dados do IBGE demonstram que temos exatamente cinqüenta e quatro milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, o que significa, na prática, que são cinqüenta e quatro milhões de pessoas que não se alimentam com o mínimo necessário para sua sobrevivência. Neste sentido, o Ver. Fernando Záchia propõe algo que merece a nossa atenção, a nossa reflexão e o nosso apoio. Tempos atrás, ainda como Vice-Prefeito, eu conversava com o então Superintendente da VARIG, que me relatava o número de refeições que a empresa acabava descartando, por não poder, legalmente, destiná-las a populações carentes. Ou seja, estava previsto um determinado número de bandejas que iam para as aeronaves, essas refeições acabavam não sendo consumidas pelos passageiros, mas, como existe uma lei muito clara, no sentido de impedir, neste momento, que essas refeições sejam doadas, então elas simplesmente eram colocadas no lixo, o que é lastimável. Porque se nós, que utilizamos uma aeronave para nos deslocar, que temos condições de pagar - ou alguém paga por nós, como a própria Câmara de Vereadores, ou outra instituição - e não comemos esta refeição, naturalmente, o pressuposto é de que esta refeição possa ser utilizada por uma pessoa carente, por uma família carente.

Mas não tenho dúvidas de que a cautela que se torna necessária deve ser aqui observada. Em cima de uma medida, absolutamente meritória, compete a nós, do Legislativo, nos acautelarmos para que a população mais carente venha a receber um alimento em condições adequadas para o seu consumo. Não é por estarmos tratando de uma população carente que vamos dar a ela sobras de comida, vamos dar a ela comida que não esteja em condições plenas de consumo, mesmo que devidamente acondicionada. Porque sabemos que uma refeição acondicionada numa determinada embalagem pode ser, obviamente, mal-utilizada, permanecer na embalagem, mas numa temperatura não adequada e, conseqüentemente, quando ela for consumida, irá causar um malefício muito grande à população consumidora. E nós não desejamos dar esta refeição a uma pessoa mais carente, somente por ela ser mais carente.

Tenho o desejo - e tenho certeza de que esse também é o pensamento da totalidade dos Vereadores - de que esta comida chegue à população mais carente com plena e total garantia de que o seu consumo vai trazer vantagens e não desvantagens. Deverá vir um alimento adequado e não um alimento que venha a produzir, quem sabe, conseqüências nefastas, debilitando ainda mais a pessoa que venha a consumi-lo. Sabemos que um alimento mal-acondicionado - e a todo momento abrimos os jornais e observamos que isto acontece muito em festas de casamento, de aniversário -, um único alimento mal-acondicionado pode trazer prejuízos enormes às pessoas que o consome, e, conseqüentemente, populações inteiras acabam sendo atendidas no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre e nos hospitais do interior, e muitas delas vêm a falecer.

Por isso o Projeto do Ver. Fernando Záchia tem todo o meu apoio, mas também têm o meu apoio as duas Emendas apresentadas pelo Líder da Bancada do PT, Ver. Estilac Xavier. Entendo que é de fundamental importância que se acrescente a disposição sobre o aproveitamento de sobras de alimentos próprios para o consumo humano. O art. 2º diz: (Lê.) “As etapas, formas de execução e forma de desenvolvimento do programa estabelecido no art. 1º ficam a cargo do Poder Executivo Municipal”. A segunda Emenda diz respeito à mudança do item ou do conceito “sobra de alimentos” - porque não queremos dar sobras para ninguém, sobras são para porcos, para animais, e mesmo assim com critérios -, pela expressão “alimentos não-servidos”, ou seja, refere-se a alimentos que estão em condições, que não são utilizados por quem poderia utilizá-los, e serão utilizados pelas pessoas carentes. Muito brigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Sebastião Melo, há alguns meses, votou contra, aqui, à aquisição de um prédio para a Vigilância Sanitária. Não percebeu que amanhã poderíamos utilizar essa estrutura para poder viabilizar esse Projeto, que é de extrema importância para Porto Alegre. Entendemos que algumas ONGs já fazem esse serviço. Esse Projeto é viabilizado também por algumas Emendas aqui apresentadas, neste momento, pelo nosso Líder, Ver. Estilac Xavier.

É importante salientar que existe uma Lei que regulamenta sobre a promoção, proteção e recuperação da saúde pública, e essa Lei é de nº 6.503, de 22.12.72. O art. 28, essa Lei diz o seguinte: (Lê.) “A fabricação, produção, manipulação, beneficiamento, acondicionamento, conservação, transporte, armazenamento, depósito, distribuição, venda e outras quaisquer atividades relacionadas com fornecimento de alimentos em geral ou com o consumo, só poderão processar-se em rigorosa conformidade com as disposições legais, regulamentares e técnicas federais e estaduais e, ainda assim, em condições que não sejam nocivas à saúde.” Além disso, essa Lei, no art. 371 diz o seguinte: (Lê.) “É proibido fornecer ao consumidor sobras ou restos de alimentos que já tenham sido servidos, bem como o aproveitamento das referidas sobras ou restos para elaboração ou preparação de outros produtos alimentícios.” Portanto, é de extrema importância que, ao viabilizar este Projeto, se cumpra essa determinação existente na Lei nº 6.503.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro Ver. Aldacir Oliboni, a intervenção de V. Ex.ª, bem como a intervenção anterior, do Ver. José Fortunati - V. Ex.ª lendo os dispositivos legais que tratam da conservação de alimentos, um Decreto Estadual e uma Lei - deixam claro que é absolutamente equivocado aquilo que o Ver. Nereu D’Avila colocou aqui, ou seja, que seria possível nós servirmos a essa população carente restos de alimentos que tivessem sido consumidos pelas pessoas nos restaurantes. Até porque, naquela temperatura de 25 a 30 graus é quando ocorre a reprodução maior das bactérias e, com certeza, depois, passando a outras temperaturas no transporte para a distribuição, chegariam completamente deteriorados à mesa dessa população pobre. Nesse sentido, V. Ex.ª traz à colação esta normatização estadual que vige aqui, e a colocação de mérito do Ver. José Fortunati também traz clareza a essa discussão. Observa-se, então, que foi demagógico o discurso do Ver. Nereu D’Avila.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Muito bem colocado pelo nosso colega Ver. Juarez Pinheiro. É importante salientar que a alimentação não pode ser algo que venha a prejudicar a população, não pode ser um veículo ou um meio para matar a população, mas, sim, deve servir para matar a fome daqueles que mais necessitam, que são os excluídos. Portanto, é importante salientar que esta Lei é de extrema importância e deverá ser obedecida e concluída. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLL nº 027/00.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, Srs. telespectadores do Canal 16, público que nos assiste aqui, senhores funcionários, especialmente o grupo de funcionários da área de saúde, da Coordenação de Vigilância Sanitária do Município, na pessoa do seu Coordenador, Marcelo Bósio e da Chefe da Equipe de Vigilância Sanitária, a médica ­veterinária que está aqui acompanhando os trabalhos, a nossa Bancada vai votar favorável ao Projeto com as Emendas, e faz isso por responsabilidade. Pessoalmente, eu negociei com o autor, nosso Presidente, Ver. Fernando Záchia, que, com sensibilidade, acatou a proposições feitas por este Vereador, que deram uma formatação mais técnica ao Projeto que ele apresentou.

Sobre o mérito e sobre as questões que o Projeto levanta não temos dúvidas, mas nós estamos num dilema, e eu penso que o Ver. Raul Carrion pegou parte dele: num país que produz, há pessoas que não comem. Aliás, a sobra de alimentos, os restos de alimentos são decorrência do mau gerenciamento administrativo de qualquer casa comercial. Isso vale para a economia doméstica e vale para a grande escala.

Agora, há um sentimento aqui dentro, expresso desta tribuna, por exemplo, pelo Ver. Sebastião Melo, de que o alimento servido nos bufês é passível de consumo, com a mesma qualidade. Não é; tecnicamente, não é! O alimento preparado e não-servido é aquele que está na cozinha, que tem manuseio próprio, que está sob cocção, sob fervura ou sob resfriamento, de 7 graus para baixo ou de 60 graus para cima. Ao ir para o bufê, Ver. Sebastião Melo, o alimento já mudou de espaço físico, já está mais exposto, já houve manuseio, trocou-se o alimento de recipiente, mudou a temperatura, as pessoas que se serviram podem ter tossido sobre o alimento, enfim, são vários os elementos de contaminação possível. Portanto, esse alimento não serve ao consumo humano, ele pode servir aos cachorros e aos porcos. E o Ver. Nereu D’Avila, nobre, eminente e ilustrado Líder do PDT, veio falar sobre a matéria desconhecendo-a.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu reconheço que não é o mesmo produto, mas o que eu quis transmitir foi que, se esse produto não é o mais próprio para o ser humano, infelizmente, neste País, há pessoas que morrem de fome. Então, se não é o alimento mais próprio, é um alimento que pode matar a fome de milhares de irmãos nossos neste País.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Eu sei da sua intenção, Ver. Sebastião Melo, louvo-a, mas não precisamos ficar prisioneiros dessas opções. Nós podemos prestar esse serviço mantendo as condições sanitárias dos alimentos. Por isso, as Emendas, aceitas pelo nosso Presidente, Ver. Fernando Záchia, autor do Projeto, preservam isso, não só porque nós somos responsáveis pela situação sanitária dos alimentos. Tivemos um caso só que já foi citado aqui no restaurante Rei dos Camarões. Mas são várias as ações da Prefeitura.

O Ver. Nereu D’Avila não está mais no Plenário, desconheço onde ele foi, mas ele falou aqui sobre a Administração. Agora, vou presenteá-lo com um autógrafo meu neste livrinho Orientações ao Proprietários de Estabelecimentos Comerciais de Gêneros Alimentícios, ele não leu isto. O Ver. Nereu D’Avila, na sua ânsia de oposição virtual, atacou o Governo, mas esquece que os governos são transitórios numa democracia e esqueceu-se de prestigiar aquilo que é permanente, que é o corpo técnico, que é qualificado, que é exemplo e modelo. Só porque é Governo do PT tem de ser atacado, indiscriminadamente.

Quero dizer aqui para o público que me ouve, que se há um dos serviços modelares da Prefeitura é o serviço prestado pela Vigilância Sanitária.

Ver. Haroldo de Souza, vinte e duas mil pessoas assistiram à palestra, talvez ninguém saiba, mas para abrir-se um estabelecimento comercial em Porto Alegre é preciso antes ouvir-se uma palestra onde é se orientado tecnicamente no sentido de como proceder para preservar a saúde pública. Mas o Ver. Nereu D’Avila não sabe. É ilustrado em Humberto Eco, mas não é ilustrado na Vigilância Sanitária. Mas poderá fazê-lo, eu vou doar para ele este livro com uma dedicatória especial.

Para concluir, Sr. Presidente, dia 14 de outubro, o programa Fantástico, da Rede Globo, registrou Porto Alegre como a única Capital do País onde se tem conhecimento da proveniência de produtos nas feiras. Não encontraram no restante das Capitais do País, porque não havia condições de saber a proveniência dos alimentos. Isso é importante, saber de onde provém o alimento em Porto Alegre. Isso faz parte do nosso ranking de qualidade de vida. E a Câmara Municipal é responsável por isso, e mais do que isso, são responsáveis os funcionários que se dedicam e são exemplares e não fazem oposição virtual ao Governo, sem conhecimento de causa, como fez o Ver. Nereu D’Avila.

Por isso, vamos votar a favor do Projeto e das Emendas, parabenizando o seu autor, o nosso Presidente Ver. Fernando Záchia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrada a discussão. Em votação o PLL nº 027/00. O Ver. Fernando Záchia, como autor do Projeto, está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a matéria foi amplamente discutida e debatida por todos os Vereadores e, na sua maioria, na sua totalidade, são favoráveis à idéia. Eu acho que sim, é importante ressaltarmos que a Câmara de Vereadores tem a convicção da necessidade de poder propiciar que o Município legisle também sobre esta matéria. Nós trabalhamos com números que, se não são precisos, é até porque não existe uma exatidão de qual, na verdade, a quantidade de alimentos que não são aproveitados por dia na Cidade de Porto Alegre. Certamente, o número é grande em decorrência da necessidade que se tem, principalmente nas áreas mais carentes: nos asilos e nas creches, onde idosos e crianças não têm o que comer e, em determinadas situações, há o desperdício, a sobra.

Então, me parece, esse era o objetivo maior, que pudéssemos, além da reflexão, de uma maneira conjunta, construirmos a participação do Executivo neste processo, não só legislando, mas viabilizando este programa de controle, este programa de recolhimento e de distribuição desses alimentos, principalmente nas populações mais carentes.

Quanto às Emendas apresentadas pela Bancada do PT, me parece claro, quando uma delas dá o aspecto técnico na discussão das sobras e dos restos, quando refere-se a “alimentos não-servidos”, caracterizando bem aqueles alimentos não tocados pelo ser humano, alimentos que foram preparados nas condições normais e naturais, mas não foram servidos. Então, há disponibilidade, há a qualidade, há os critérios técnicos estabelecidos e respeitados para que eles possam ser devidamente distribuídos.

Sobre a Emenda nº 02, há uma discussão um pouco maior: “Que as etapas e formas de execução em fase de desenvolvimento do programa, estabelecidas no artigo 1º, ficam a cargo do Poder Executivo”. Este sempre foi, na verdade, o princípio obedecido por este Vereador. Eu sempre, com a maior clareza, tentei deixar absolutamente claro, quando dizia que a coordenação e o gerenciamento do programa ficam a cargo do Executivo Municipal. Acho que tem que se determinar com uma clareza muito grande quem vai administrar, quem vai fazer. A Emenda nº 02 tende um pouco mais, ela direciona um pouco mais, ela fica um pouco mais clara, isso também é importante, porque estamos, Ver. Humberto Goulart, V. Ex.ª que é médico, tratando com saúde pública, também, com a saúde das pessoas.

Às vezes, na ânsia de podermos distribuir esses alimentos, podemos cometer equívocos importantes. Parece-me que a Emenda nº 02 passa a ser a Emenda de Liderança nº 04, ela clareia isso, define de uma maneira bastante clara.

Peço, como autor, que as demais Bancadas, se puderem, havendo a convicção de V. Ex.as da necessidade da aprovação do Projeto, se posicionem favoráveis a ele.

Também há a questão das Emendas, houve uma articulação deste Vereador com a Bancada do Partido dos Trabalhadores, para que pudéssemos, de fato, de imediato, viabilizarmos esse Projeto, cuja tramitação iniciou em 18 de fevereiro de 2000. Passou por todas as Comissões pertinentes, na Legislatura passada, quando tínhamos uma composição diferente de Vereadores nesta Casa, e, passou para esta Legislatura, quando se modificou, consideravelmente, a composição das Bancadas e a composição desta Casa. Foi devidamente discutido em todas as etapas e agora foi acrescido também das Emendas nº 03 e nº 04. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o PLL nº 027/00.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, Ver. Fernando Záchia, eu penso que a grande vitória que V. Ex.ª tem no dia de hoje é, exatamente, a vitória de saber negociar. Há muito tempo se discute, aqui nesta Casa, a idéia de se aproveitar as sobras que existem em restaurantes e que, muitas vezes, são muito boas e acabam indo para o lixo. São sobras que serão aproveitadas no sentido de matar a fome de muitas pessoas que não têm nada para comer durante o dia. Só que essas discussões, ao longo do tempo, sempre acabam esbarrando em como se fazer.

Um dos Vereadores aqui, o Ver. Haroldo de Souza, em um dos seus primeiros discursos desta tribuna, falou da necessidade da criação do restaurante popular. E, logo em seguida, lembro-me que o Vereador, também preocupado com esse problema de ofertar comida a um preço melhor à população, acabou apresentando um Projeto aqui nesta Casa.

Também sei que o Ver. Aldacir Oliboni tratou desse assunto. Eu sei que é uma preocupação generalizada, de todos os partidos, de todos os Vereadores. Mas ninguém havia conseguido uma negociação capaz de fazer com que, nesta Casa, passasse um Projeto de Lei que desse ao Executivo condições de implementar um programa como esse. Eu disse, na discussão, que o meu único medo era com relação à fiscalização, que deverá ser exercida pelo Executivo, pois, nas várias áreas, o Executivo tem-se mostrado ineficaz.

O próprio Ver. Juarez Pinheiro, quando fazia um comentário, aqui, a respeito do Executivo, dizia que, há bem pouco tempo, algumas pessoas acabaram intoxicadas por consumir uma comida não muito boa. Isso é falha de fiscalização. Tenho receio de que, com a implementação desse programa, possa haver a falha do Executivo na hora de fiscalizar. Nós não poderíamos continuar não dando para o Executivo um instrumento, com o qual ele pudesse fazer com que esse programa de aproveitamento de sobras pudesse ser utilizado num programa de alimentação às pessoas que não têm alimento e acabam passando fome, com tanto alimento sendo jogado fora.

Eu acredito que a grande vitória do Ver. Fernando Záchia, que é o autor desse Projeto, é exatamente ser um bom negociador. Ele soube negociar. A idéia não é nova, e todos sabemos disso. Mas ninguém conseguia fazer a idéia prosperar. Não conseguíamos alguém que montasse um esquema, aqui na Casa, capaz de fazer com que as Bancadas aprovassem. E, hoje, aconteceu uma boa negociação. As Emendas que poderiam até atrapalhar a aprovação do Projeto foram retiradas e acaba-se aprovando o Projeto tal qual está, propondo para o Executivo ou dando para o Executivo esse instrumento que eu penso ser fenomenal, um programa para que o Executivo possa desenvolver, aproveitar essas sobras e fiscalizar; é a única coisa que eu peço: que o Executivo aprenda a fazer, e não multar - porque, de repente, ele vai aproveitar isso - e a cultura da multa é tão grande, está tão desenvolvida dentro do PT que, de repente, eles vão aproveitar isso para multar os restaurantes. Não é para multar restaurante, é para fiscalizar, para não permitir que a comida que não esteja boa possa ser distribuída para as outras pessoas.

Cumprimento o Ver. Fernando Záchia, e quero dizer que eu e o Ver. Reginaldo Pujol - que fazemos parte da Bancada do PFL, sendo que o Ver. Reginaldo Pujol é Líder desta Bancada - aprovamos essa fórmula de negociação e cumprimentamos o autor do Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para encaminhar o PLL nº 027/00.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu encaminho, em nome da Bancada do PDT, favoravelmente a este belo Projeto do nosso Presidente, Ver. Fernando Záchia. Eu já disse desta tribuna, e torno a falar novamente, que o que se coloca de mercadoria e alimentação no lixo é uma coisa preocupante.

Este Vereador, em 1991, fez um Projeto também para que se reaproveitassem os remédios que vão para o lixo. O Projeto é o Banco Municipal de Remédios e Equipamentos Médico-Hospitalares para que fosse aproveitada a grande quantidade de medicamentos que vão para o lixo. Só que o Projeto é Lei foi sancionado pelo então Prefeito Olívio Dutra, mas ficou no esquecimento. Eu fiz um Pedido de Informações à Secretaria para o qual recebi um retorno, mas, infelizmente, na Secretaria, pelas informações que recebi, eles não entenderam o Projeto ou não sabem, pois nada daquilo que foi escrito no Pedido de Informações tem a ver com o Projeto.

Depois, na minha passagem na CEASA, nós fizemos um trabalho para reaproveitar a grande quantidade de mercadorias que, hoje, vai para a lata do lixo, principalmente hortifrutigranjeiros. V. Ex.as talvez saibam que, hoje, aqui, no Estado, a perda de hortifrutigranjeiros é numa média de 30% a 34%. Quantas pessoas, quantos asilos, quantas creches poderiam reaproveitar essas mercadorias! Mas, infelizmente, uma grande parte deles vai para as latas de lixo.

Hoje, na CEASA, se reaproveitam muitas coisas - temos que reconhecer isso -, mas ainda há muito o que se fazer.

O Presidente Fernando Záchia, numa belíssima iniciativa, criou, aqui, um Projeto de Lei que vamos votar em seguida e tenho certeza de que vai ser unânime a votação deste Projeto.

Tem uma matéria, aqui, neste jornal, que está anexado ao Projeto, que diz: “Soa como absurdo o fato de que 39,8 toneladas de comidas servidas em bufê, em refeitórios, vão para a lata do lixo, todos os dias.” Isso, em nível de Estado; talvez, aqui em Porto Alegre sejam de 6 a 7 toneladas.

Eu não vejo a dificuldade que foi colocada aqui na tribuna. Tem de haver o cuidado. Todos os restaurantes de renome têm o cuidado de servir uma comida de excelente qualidade, porque o sucesso dos restaurantes é a qualidade da comida. Alguém duvida disso?

Agora, resto de comida é uma coisa, sobra é outra coisa. O que o Projeto quer? Que se reaproveitem as sobras de comida. Portanto, qual o restaurante vai querer correr o risco de colocar para a opinião pública a qualidade do seu trabalho, da sua alimentação que é servida diariamente? Ele não vai fazer uma doação de uma comida que sobra diariamente no restaurante que venha a prejudicar alguma entidade que venha a receber esta mercadoria. O restaurante não quer correr o risco; lá tem os nutricionistas, o cozinheiro responsável, a cozinheira, que têm condições de verificar se a comida pode ser doada ou não. E na regulamentação do Projeto, Ver. Juarez Pinheiro, o Executivo Municipal vai ter pessoas que têm condições conhecimentos e preparo para verificar se essa sobra de comida tem condições ou não de ser consumida.

Portanto, Sr. Presidente, é um grande Projeto, tenho certeza de que vai amenizar a fome de pessoas de muitas entidades, de muitos asilos, com o reaproveitamento de alimentos que, com muita tristeza digo, hoje ainda são colocados na lata do lixo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar o PLL nº 027/00.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, cidadãos que nos assistem pelo Canal 16, nós vimos em nome da Bancada - do Ver. Aldacir Oliboni, da Ver.ª Sofia Cavedon, da Ver.ª Maria Celeste, da Ver.ª Maristela Maffei, do Ver. Juarez Pinheiro, do Ver. Adeli Sell, da Ver.ª Helena Bonumá e do Ver. Marcelo Danéris - encaminhar favoravelmente ao Projeto de autoria do nobre Ver. Fernando Záchia. E o fizemos por dois entendimentos: por uma questão que vemos mérito, mas colocamos também as nossas considerações a respeito desse mérito, como por exemplo um Brasil que produz tantos alimentos não precisaria, talvez, desse tipo de processo; dois: nós aportamos, com o acordo do autor, Emendas de Liderança que deram forma diferenciada e mais técnica, no nosso entendimento.

Nós estamos votando favoravelmente em função do Projeto com suas Emendas, nós só entendemos o sentido desse voto quando ele se contempla nas suas Emendas. E aqui, até para evitar uma interpretação errônea de que sobras - e há os que fazem distinção entre sobras e restos - nós colocamos, já na ementa da nossa Emenda nº 03, “alimentos não servidos.” Aí estão incluídos todos os alimentos que foram cozidos e preparados e não foram à mesa, não foram ao bufê e não foram manuseados senão na cozinha. Estão incluídos aqui os alimentos não preparados. As farinhas que ficaram e não vão ser utilizadas, mas estão em condições; o arroz, o feijão, as verduras, as frutas. O Projeto, em nosso ponto de vista, se contempla nas Emendas. Nós temos um excelente serviço de vigilância sanitária. A preocupação nossa aqui, Ver. Ervino Besson, é o dilema que temos: um alimento que já foi cozido e cujo consumo não é imediato tem que ser preservado ou resfriado abaixo de 7º ou aquecido acima de 60º. Mas ocorre que, quanto mais há deslocamento desse alimento e troca de vasilhame, aumenta a possibilidade de contaminação, mormente num Estado como o nosso cuja temperatura média é de 25º a 30º, desenvolvendo-se mais a contaminação por bactérias.

Quando nós consolidamos o acordo com o Ver. Fernando Záchia, é porque estamos dando a melhor maneira para o Município tentar efetivar esse processo com garantia de qualidade dos alimentos. Com o objetivo nobre de que isto seja voltado, Ver. Cassiá Carpes, para as crianças, para os idosos, tornando-se mais grave o processo, porque são exatamente os que podem ser mais vulneráveis na manipulação, uso e consumo de determinado alimento não-adequado. Aqui incluímos as gestantes.

Portanto, quando pensamos que estão os velhos, as camadas das crianças pobres nos locais onde o alimento, mesmo não estando em bom aspecto, pode ser levado, porque se prefere matar a fome, não existe esse dilema para nós: matar a fome, sim, mas com alimento adequado.

Portanto, não há nenhuma concessão à qualidade do alimento em nome de que é preferível matar a fome, colocando alimento contaminado para fazer uma falsa nutrição do que acabar às vezes matando por contaminação ou por surtos já ocorridos várias vezes. Nós sabemos as histórias das churrascadas, as histórias dos bares que não usam e não manuseiam bem os alimentos e o reaproveitamento inadequado dos alimentos. Tudo isso não é a voz autorizada do PT, ou do Líder ou do Vereador são dos orientadores sanitários, dos médicos, dos Códigos, portanto, acima das paixões e das veleidades políticas que de vez em quando inflamam e apaixonam alguns cujos objetivos não estão muito claros. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal, por solicitação do Ver. Valdir Caetano, o PLL nº 027/00. (Após a apuração.) APROVADO por 27 votos SIM.

Em votação a Emenda nº 03 ao PLL nº 027/00. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Isaac Ainhorn, a Emenda nº 04, aposta ao PLL nº 027/00. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) Encerramos a votação. Ver. Estilac Xavier, como vota V. Ex.ª?

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Por um problema no equipamento, o meu voto é SIM.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Eu votei, mas não foi registrado o meu voto no painel. Voto SIM.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): APROVADA a Emenda nº 04 aposta ao PLL nº 027/00, por 18 votos SIM e 08 votos NÃO.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, eu quero fazer um convite aos colegas Vereadores. Nós vamos sair, neste momento, para visitar, junto com a Ver.ª Sofia Cavedon, alguns lixões da Cidade de Porto Alegre. Aqueles que quiserem nos acompanhar são bem-vindos.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Por favor, Vereador, isso não está no nosso Regimento.

Ver. José Fortunati, queremos, em nome da Mesa Diretora e em nome da Câmara Municipal, entregar a V. Ex.ª uma pequena lembrança do nosso Presidente pela data de hoje. Que Deus lhe dê uma vida longa, próspera e feliz junto dos seus amigos! (Palmas.)

Em votação o Requerimento nº 238/01, de autoria do Ver. Raul Carrion. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, farei um breve encaminhamento, mas pela relevância da matéria, entendemos importante situar.

Quero dizer, primeiramente, que este Requerimento conta praticamente com a unanimidade de toda a Casa, da Bancada Feminina, das Vereadoras Helena Bonumá, Maristela Maffei, Maria Celeste, Clênia Maranhão e Sofia Cavedon. Trata-se de um Substitutivo que foi aprovado na Câmara Federal e que agora deverá ser votado pelo Senado. Esse Substitutivo, em primeiro lugar, inclui na CLT o avanço registrado na Constituição de 1988, que passou a Licença-Maternidade para cento e vinte dias e estende para a mulher adotante os mesmos benefícios da mulher votante. O motivo é que também a adotante tem necessidade de adaptação com a criança, e, dessa forma, nós teremos também um incentivo à adoção neste País, que é um problema das crianças abandonadas. Esse Substitutivo prevê que esse benefício será dado somente para a adoção legal e diferencia para a mulher que adotar uma criança até um ano, são cento e vinte dias; que adotar uma criança passando de 1 ano até 4 anos, serão sessenta dias e quando a criança tiver de 4 anos até 8 anos, trinta dias.

Nós esperamos o voto favorável do conjunto dos Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 238/01, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, a nossa Bancada faz questão de fazer o registro em relação a esta Moção, de autoria do Ver. Raul Carrion. A nossa companheira, camarada Jandira, com sua sensibilidade de mulher, preocupa-se com a questão humana, mais especificamente com a luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras, enfim, de todas as mulheres.

Infelizmente, e já foi dito nesta tribuna, tramita no Senado Federal um projeto de autoria do Senador Luiz Ponte, do PSDB, onde, por meio de uma política estabelecida pela Organização Mundial do Comércio, se flexibiliza. Em Genebra, em 2000, houve esta flexibilização da chamada convenção 103 da ONU, da OIT, vindo ao encontro exatamente desta orientação da OMC e do FMI, que diz exatamente que qualquer patrão tem o direito de demitir a mulher trabalhadora, desde que seja paga a sua indenização.

Senhoras e senhores, é importante que se diga que, no momento em que, principalmente, a empregada doméstica conquista a estabilidade, a garantia de carteira assinada, vai ter direito ao FGTS, vai ter direito a tantas questões importantes quanto qualquer pessoa, homens e mulheres do mundo do trabalho, assim como também a questão da proteção à maternidade, esse projeto no Congresso serve para colocar isso em risco. Temos que fazer um grande movimento em nível nacional para que isso não aconteça, temos que estar alertas.

Portanto, esse benefício que a nossa companheira Jandira, do PC do B, traz, no sentido de que a criança adotada também possa estar inserida neste contexto da proteção, a esta criança que está chegando nesse lar, é fundamental poder ter a mãe e o pai ao seu lado. Então, é meritória essa Moção, diz respeito à dignidade da vida humana, e, por isso, votamos favoravelmente. Muito obrigada.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 238/01, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está em discussão a Moção, de autoria do Ver. Raul Carrion, para darmos solidariedade e apoio à Câmara de Deputados e ao Senado Federal pela aprovação do Projeto de Lei, que estende à mãe adotiva o salário e a Licença-Maternidade, incluindo tal direito na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Por que o Partido Progressista Brasileiro votará favoravelmente à Moção do Ver. Raul Carrion?

Vejam, quem adota, ama! Quem está adotando tem um interesse e um espírito totalmente humano, que é o que mais falta à sociedade. É inadmissível nós assistirmos um crescimento brutal da população, sem condições, muitas vezes, porque várias crianças não conseguem a guarida familiar e nenhum tipo de respaldo do Poder Público e da sociedade. Portanto, o ato de adoção é um ato dos mais nobres da humanidade, da pessoa humana.

Por isso, Ver. Raul Carrion, nós queremos parabenizá-lo e apenas lembrar que a Lei Complementar nº 133, de Porto Alegre, que dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre, que é de 1985, quando o nosso Líder, Ver. João Dib era Prefeito, coloca na Seção 5, do Capítulo 8, Da Licença para Fins de Adoção. Vejam, 1985, Lei Municipal dos Funcionários Públicos de Porto Alegre. Artigo 154: “nos casos de adoção ou legitimação adotiva de crianças de até 7 anos de idade serão concedidos a funcionária adotante, cento e vinte dias a partir da autorização judicial de guarda e responsabilidade do adotando”. Vejam o pioneirismo de Porto Alegre por intermédio do nosso Partido, o Partido Progressista Brasileiro quando estava administrando esta Cidade. Parágrafo único, e aí sim, o pioneirismo ainda é maior, “ao funcionário nos casos previstos neste artigo, é estendida a licença paternidade nos termos em que dispõe o art. 152, §§ 3º e 4º”. Vejam, inclusive, Licença Paternidade!

Portanto, nós somos favoráveis, sim, e queremos parabenizar o Ver. Raul Carrion pelo gesto que nós temos que ter, porque adoção é um ato eminentemente humano, dos mais nobres, mas também lembrar que Porto Alegre foi pioneira neste sentido por meio do Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre, Estatuto este de autoria nossa, do Partido Progressista Brasileiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 238/01, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, em 1932, por Decreto do Presidente Getúlio Vargas, que tinha ganho o poder pela Revolução de 30 junto com Osvaldo Aranha, João Neves da Fontoura, Maurício Cardoso e tantos outros gaúchos proeminentes daquela época, concedeu a permissão do voto à mulher. A Constituição de 34 colocou no seu texto essa conquista.

Em 1962, pelo Estatuto da Mulher Casada, novamente a mulher obteve direitos que revolucionaram o sistema jurídico brasileiro. Repito, para quem não sabe: em 1962 foi feito o Estatuto da Mulher Casada.

Em 1977, apesar dos esforços da Igreja dizendo que haveria a dissolução da sociedade familiar, o grande Senador Nelson Carneiro, depois de mais de trinta anos de luta, conseguiu aprovar a Lei do Divórcio no Brasil. Mais uma vitória da mulher que, até então, era obrigada, mesmo sem suportar o marido, a aturá-lo, devido à legislação vigente.

Então, ao longo do tempo, a mulher vem obtendo, graças a Deus, na legislação, vitórias importantíssimas. Agora eu ouvi aqui: “Parabéns ao Ver. Raul Carrion!” Ora, parabéns ao Brasil, parabéns à cultura, à abertura das cabeças, à abertura das mentes, muitas vezes obstaculizadas, no Congresso, por uma visão que não passa da ponta do nariz. Parabéns ao Congresso por uma outra conquista, em relação aos filhos adotados, quando se lhes deu os mesmos direitos dos filhos legítimos na herança.

Pouco a pouco, então, vêm-se derrotando os preconceitos e o patriarcalismo brasileiro. Em 2003, senhoras e senhores telespectadores, entrará em vigor o novo Código Civil Brasileiro derrogando o obsoleto, o ultrapassado, o vexatório Código Civil Brasileiro de 1916, que ainda vige hoje e ainda é lei, que, se o marido descobrir até o quinto dia do casamento que a mulher não é virgem, pode dissolver o casamento e devolvê-la. Isso ainda é lei no Brasil, é o Código Civil Brasileiro. E o novo Código Civil, que já existe, entrará em vigor em 2003 e, aí, derrogará mais essa monstruosidade, esse absurdo, essa loucura.

Nesse permeio todo que eu citei cronologicamente, na década de 60, também, por meio do advento da pílula anticoncepcional, mudou completamente o patriarcalismo e a milenar cultura de submissão da mulher, infelizmente ainda vigente nos “islãs da vida”, nos povos onde vigora, principalmente, o islamismo.

Então, a aprovação desta e a consecução, em legislação, de conceder auxílio maternidade à mulher de filho adotante, apenas vem caracterizar na lei aquilo que, de fato, já vinha ocorrendo pelos legisladores que tinham visão acima do estreitamento preconceituoso e machista de uma sociedade patriarcal e completamente preconceituosa.

Em 1975, era Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul um eminente pelotense, o saudoso Deputado João Carlos Gastal, e lembro-me de um caso, na Assembléia, que uma funcionária tendo adotado uma criança, Gastal, com a grandeza que o caracterizava, homem do MDB, Movimento Democrático Brasileiro, de saudosa memória, que lutou pela derrocada da ditadura e da volta das liberdades públicas neste País, João Carlos Gastal não hesitou em conceder àquela mulher que adotava aquela criança, que hoje está com 26 anos, o direito ao auxílio-maternidade.

Então, legisladores como João Carlos Gastal já, precursoramente, usavam o que agora o Congresso Nacional acaba de transformar em lei. Estamos nós, os brasileiros e, principalmente, as brasileiras de todas as gerações, de parabéns.

O Ver. Raul Carrion, apenas, com muita acuidade faz esta Moção que, evidentemente, faz com que a Câmara de Porto Alegre relembre, como eu relembrei, algumas das grandes conquistas que, penosamente, vem tendo as mulheres brasileiras. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 238/01, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sou favorável a tudo que seja em benefício da mulher neste mundo, tudo, mas sem discurso para votar Moção, por favor!

Agora, como disseram os Vereadores Estilac Xavier e Marcelo Danéris, eu concordo com eles, com a aprovação desta Moção - coitado do Presidente, ele vai ter de aprovar, ele não vai ser contra de jeito nenhum, agora vai!

Mas, eu queria aproveitar aqui este tempo, no qual não gastarei os cinco minutos, para o seguinte: Requerimento nº 220/01, do Ver. Adeli Sell, Moção de Repúdio às empresas que maquiaram seus produtos, lesando os consumidores. Já estou votando tudo agora. Sim.

Requerimento s/nº, do Ver. Estilac Xavier, reunião conjunta urgente da CCJ, CEFOR, CUTHAB e COSMAM. Sim.

Requerimento nº 227/01, do Ver. Adeli Sell, Moção de Apoio à proposta “Sou Pela Tolerância”. Sim.

Requerimento nº 246/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, requer presença do Sr. Darci Campani, Diretor do DMLU aqui. Sim.

E, finalmente, Requerimento nº 238/01, do Ver. Raul Carrion, Moção de Solidariedade e Apoio à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, pela aprovação do Projeto de Lei nº 1733-B/96, que estende à mãe adotiva o salário e Licença-Maternidade, incluindo tal direito na Consolidação das Leis do Trabalho. Sim.

Sou favorável a tudo que diga respeito em favor à mulher. Mas, por favor, gente, discursar sobre Moção é dose! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 238/01, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, contrariamente ao querido amigo Ver. Haroldo de Souza... Onde está o Ver. Haroldo de Souza? Meu querido amigo, contrariamente a V. Ex.ª, eu vou discutir a Moção, porque é de extrema importância trazermos a esta Casa assuntos que possibilitem para que possamos dar a nossa opinião.

Aqui é um Parlamento, casa de Parlamentares, para conversarmos, para debatermos e chegarmos às conclusões que sempre foram para o bem do nosso povo, para o bem da comunidade de Porto Alegre.

Ver. Raul Carrion, V. Ex.ª me faz vir a esta tribuna num ato até de emoção. O Ver. João Dib disse que Moção traz emoção. Que bom que esta Moção de V. Ex.ª me possa fazer vir a esta tribuna e falar com emoção. Por que, Vereador? Só existem menores abandonados, porque, sem sombra de dúvida, existem pais e mães irresponsáveis. E a Moção de V. Ex.ª, que quer parabenizar a Câmara Federal, o Senado, por estender a Licença-Maternidade também às mães adotivas.

A adoção, sem sombra de dúvida, é a maternidade mais consciente que existe. Existem filhos por acaso, existem filhos porque arrebentou um preservativo. Existem filhos, porque as mães, as mulheres não se preveniram, os pais, também irresponsáveis, não se preveniram, e nascem dezenas, centenas que, muitas vezes, vão parar, como disse o Ver. Sebastião Melo, nos lixões para buscar a sua alimentação.

Ver. Raul Carrion, no meu caso, eu falo com emoção, porque eu sou um pai adotivo. No meu caso, a minha paternidade é consciente. E a razão da minha vida, Ver. Raul Carrion, a razão que me faz levantar cedo, com as minhas dificuldades, empurrar a minha cadeira de rodas, é a minha filhinha, que eu e a minha esposa adotamos quando ela tinha um ano e meio, lá na FEBEM, porque uma mãe irresponsável, porque um pai irresponsável largou aquela criança. Hoje, eu agradeço a Deus, também, por essa mãe ter abandonado a minha Paloma que, hoje, é a razão da minha vida.

Portanto, Ver. Raul Carrion, esta Moção, sem sobra de dúvida, trouxe-me muita emoção. E, por isso, quero parabenizar a V. Ex.ª que propiciou que eu pudesse vir a esta tribuna discutir esta Moção e trazer a minha emoção.

A adoção é o maior ato de amor, e eu posso dizer a V. Ex.as que, no meu caso, é sim, o meu maior ato, a minha maior demonstração de que o amor existe, porque eu tenho na minha casa a minha filhinha que todos dias me espera com um ato de amor, com uma demonstração de carinho, de agradecimento por ter propiciado a ela esse lar.

 

Portanto, Vereador, receba, em nome da Bancada do PSDB, o nosso voto favorável a sua Moção de Solidariedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 238/01, e autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito se discutiu esta Moção ao PLL nº 1733-B/96, que estende à mãe adotiva o salário e Licença-Maternidade. Primeiro, nós temos de analisar sobre vários aspectos - adotar uma criança. Sabemos que no nosso País existem milhares de crianças que querem ser adotadas e não conseguem. Neste nosso País, onde as pessoas não têm o que comer, têm dificuldade de sobrevivência, tinham que se criar políticas públicas de incentivo à adoção, e, ao mesmo tempo, facilitar a adoção. Sabemos que hoje, para se adotar uma criança, há todo um trabalho que dificulta e, na maioria das vezes, entrava até a concessão, fazendo com que grande parte das famílias, que buscam a adoção, acaba desistindo. E a questão da Licença-Maternidade, quatro meses, praticamente, hoje já existe a jurisprudência em cima dessa matéria. Aquelas famílias que entrarem com recurso, obtêm na Justiça. E é compreensível, porque, quando se adota, esse é o primeiro passo para ter uma interação da criança naquele lar. E, cada vez mais, volto a dizer que é o tipo de incentivo que tem de ser feito. Hoje, o nosso candidato à Presidência da República, Antony Garotinho, dá para o nosso País um grande exemplo, tem nove filhos e cinco deles são adotivos.

Nós sabemos que cada criança adotada é uma criança que muda conceitualmente a sua vida. E essas pessoas também, na sua fase adulta, têm, muitas vezes, dificuldades quando as famílias não colocam de maneira clara que são adotivas. Mas, quando elas sabem, notam que são amadas, são percebidas. E isso faz com que, na sua idade adulta, também possam amar seus filhos, mostrando esse grande valor do sentido da vida. E é nessa perspectiva que temos de olhar, não é simplesmente uma adoção, mas é o valor intrínseco de buscar, em cima de um ser humano, aquilo que lhe é mais sagrado, ou seja, o direito à vida. E é por isso que, em nome do Partido Socialista Brasileiro, votamos favoravelmente a presente Moção. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em votação o Requerimento nº 238/01, de autoria do Ver. Raul Carrion. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Sr, Presidente, quero entregar a V. Ex.ª um Requerimento, com assinaturas de dezessete Vereadores da Casa, onde nós expressamos preocupação com a presença desses integrantes do MST aqui no espaço fronteiro à Câmara, na Av. Loureiro da Silva, e a decisão do Prefeito Tarso Genro de autorizar essa permanência, que, entendemos, é contrária à lei, já que isso não é espaço de próprio municipal, mas é um espaço de domínio público, é de uso do povo. Portanto, o Prefeito não teria poder para decidir discricionariamente sobre o assunto. Hoje, ainda, verifiquei o DMAE fornecendo água ali para aqueles cidadãos e suas famílias.

Nós estamos pedindo, então, uma audiência e um parecer em caráter de urgência da Procuradoria da Casa sobre o poder de o Prefeito ter tomado essa decisão e, a partir daí, as alternativas que cabem a esta Casa para se resolver essa situação com a retirada dos colonos daquele local, e a sua instalação em um local condigno, que é, sim, a responsabilidade da Prefeitura, mas não colocá-los no meio de uma avenida. Eu entrego aqui com as assinaturas dos Srs. Vereadores que apóiam essa preocupação.

 

O SR. ESTILAC XAVIER (Questão de Ordem): Registro, Sr. Presidente, que estamos no meio da Ordem do Dia, e o Vereador fez um Requerimento. É um precedente.

Então eu aproveito para registrar que o Município de Porto Alegre, na data de ontem, recebeu o seu CRP - Certificado de Regularidade Previdenciária -, aquele famoso documento pelo qual se promoveram as discussões todas em julho, deste ano, no que diz respeito à previdência, e que nós aqui aprovamos a autarquia pública, afastando o Montepio do pagamento das pensões, e agora estando tudo na autarquia.

Faço este registro, aproveitando o precedente do Requerimento feito no meio da Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Requerimento, Vereador, esta Mesa entende que pode ser feito em qualquer momento, durante a Sessão. Vou fazer uma consulta à nossa Diretoria Legislativa.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Vereador, eu já presidi esta Casa, e V. Ex.ª procede com extremo rigor formal ao receber o Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, absolutamente, correto. Disciplinadamente, ainda o eminente Ver. Antonio Hohlfeldt aguardou o transcorrer da votação de um Requerimento que se encontrava em votação. Se ele, no meio da votação do Requerimento, fizesse o Requerimento, aí não estaria correto, mas ele aguardou, disciplinadamente, com a experiência de mais de vinte anos de mandato parlamentar nesta Casa. Eu gostaria que V. Ex.ª fizesse um Pedido de Urgência, pela importância do tema. Gostaria que V. Ex.ª, que neste momento preside os trabalhos da Mesa Diretora, deferisse de plano essa ouvida de um órgão administrativo da Casa, que é a Procuradoria, para que, na sexta-feira, já tivéssemos a resposta, e não acontecer o que aconteceu, infelizmente, por força da burocracia, que o pedido de Comissão Externa, requerido por este Vereador, não tenha caminhado, porque encontra-se formalmente nas Comissões, para ver se pode ou não se constituir a Comissão Externa. Sou grato. Muito obrigado.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, equivoca-se o Ver. Isaac Ainhorn, que usou o espaço de Questão de Ordem para fazer, aqui, um proselitismo conservador, como tem sido a sua postura, depois que saiu do Julinho. Diz que não pode interromper votação. Votação pode ser interrompida, sim, Vereador que presidiu a Casa, em casos excepcionais. Agora, a interrupção da Ordem do Dia está regrada no Regimento e foi violado, aqui, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Esta Mesa recebe o Requerimento e defere, de plano. Há dezessete assinaturas dos Srs. Vereadores e das Sr.as Vereadoras.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, como eu não acredito que o Ver. Juarez Pinheiro seja o Corregedor da Casa, eu desafio que ele cite o artigo que eu violei.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, eu não estou aqui para fazer duelos com o Ver. Antonio Hohlfeldt. Eu apenas fiz uma Questão de Ordem fundamentada no Regimento, que contrariava o que dizia o Ver. Isaac Ainhorn, que votação não pode ser interrompida. Pode, sim, em casos excepcionais. O fato trazido pelo Ver. Antonio Hohlfeldt é um fato excepcional, a meu juízo, pelo seu conservadorismo e pelo seu reacionarismo, mas não é um fato excepcional para suspender a Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Não está suspendendo a Ordem do Dia, Vereador.

Passamos à verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Adeli Sell. (Pausa.) (Após a apuração.) Há treze Vereadores presentes, não há quórum para votação.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h31min.)

 

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